Na noite de 28 de Janeiro a empresa australiana Australis, que tem a concessões de prospecção de petróleo em Aljubarrota e Bajouca, realizou uma sessão de esclarecimento na Junta de Freguesia de Aljubarrota. A população e os movimentos ambientalistas mostraram as suas preocupações com este processo e a empresa tentou descansar os moradores. Já a autarquia continua sem se pronunciar enquanto não vir o Estudo de Impacto Ambiental.

“O executivo está aqui todo presente, queremos que exista unanimidade em relação a este tema e não tomamos posição sem o Estudo de Impacto Ambiental”, afirmou o presidente da Câmara, Paulo Inácio, já depois da apresentação da empresa feita pelo próprio CEO, Ian Lusted, no salão nobre da Junta de Aljubarrota, na noite de 28 de Janeiro e perante uma plateia de quase meia centena de pessoas.
Ainda assim, frisou o edil, se a posição da autarquia for favorável, “têm de haver contrapartidas importantes”, não apenas para o concelho, mas também para a freguesia. Uma das exigências da Câmara e que será atendida pela empresa em caso de sucesso, é a alteração da sede fiscal para Aljubarrota, permitindo à Câmara lucrar com a derrama.
Por outro lado, garantiu o autarca, “se a população quiser obstaculizar este processo, cá estaremos na defesa intransigente dos alcobacenses”.
Antes, Ian Lusted tinha referido que a empresa está a encetar negociações com o poder local para definir compensações e que cada poço deve custar 10 milhões de dólares, sendo que entre 1 a 1,5 milhões são gastos na economia local.
O CEO da Australis garantiu que estão a estudar todas as formas para impedir contaminações dos aquíferos e para reduzir o ruído e o tráfego durante os trabalhos.
“No caso de Aljubarrota sabemos que o gás está lá, mas não se é viável a comercialização”, referiu o empresário, revelando que há 90% de probabilidade de encontrar mais de 6 mil milhões de metros cúbicos de gás nesta localização e 50% de serem mais de 13 mil milhões.
Ian Lusted defendeu que o melhor para Portugal em termos económicos e até ambientais é a opção do gás natural enquanto se faz a transição para as energias renováveis.
Outra das revelações foi que a empresa tem interesse numa área perto do Cadaval quando e se abrir concurso de concessão.
Na plateia estavam várias organizações ambientalistas. Catarina Gomes, do Movimento Centro Contra a Exploração de Gás, fez notar que a Australis não está obrigada a vender o gás para Portugal e que, portanto, não há nenhuma garantia de baixas no preço. Ian Lusted corroborou: “o contrato não nos limita a vender o gás a Portugal, mas na prática é o que vamos fazer, até porque o que influencia o preço é a lei de mercado e o nosso gás será mais barato do que o da concorrência porque eles recorrem em grande parte a gás liquefeito, que obriga a um processo de gaseificação e liquefação”.
A questão da fracturação hidráulica (que consiste na injecção a alta pressão de uma mistura de água e químicos para ampliar as fissuras na rocha) foi levantada por João Costa, da Campanha Linha Vermelha, que alertou que nos contratos é referido que se houver um pedido para este tipo de método e não for respondido em 30 dias, então é aprovado.
Em resposta, o administrador disse que “os contratos não limitam a nossa capacidade de fracturação, é verdade, mas é necessária permissão e um novo Estudo de Impacto Ambiental”. Em todo o caso garantiu que não vai “avançar para a fracturação hidráulica às escondidas”.
Em relação às preocupações com o tráfego rodoviário, especialmente com os camiões, Ian Lusted esclareceu que o maior constrangimento decorre nos primeiros três meses e que a partir daí as movimentações são dentro da área definida de prospecção.































