A ministra da Agricultura e do Mar, Assunção Cristas, acredita que os 1200 hectares de rede de rega das Baixas de Óbidos (ligada à barragem do Arnóia) deverão estar concluídos em 2017. “Um prazo realista”, considera a governante para as obras no valor de 28 milhões de euros e que compreendem a construção de uma estação de bombagem, a rede de rega dos blocos de Óbidos e da Amoreira (1185 hectares) e a rede viária.
Os primeiros contactos de sensibilização aos produtores para a construção da barragem do Arnóia começaram em 1976. Foram precisos mais de 40 anos para que o maior investimento público feito no concelho, se tornasse uma realidade.
Assunção Cristas assinou, no passado dia 22 de Julho, o despacho de autorização de início de procedimento da empreitada de construção da rede de rega do bloco de Óbidos. Tratam-se de 740 hectares a que se irão juntar, até ao final do ano, mais 438 decorrentes do lançamento do concurso para a rede de rega do bloco da Amoreira.
Cada uma das intervenções deverá demorar oito meses, o que leva a governante a acreditar que os perto de 1200 hectares de rede que fornecem água para os 900 proprietários, poderão estar concluídos para ter a rega na campanha de 2017. Durante este período será também construída uma estação de bombagem, que permite que a água chegue com pressão a todos os campos.
“Creio que é ambicioso mas é fazível”, disse, pedindo aos agricultores um pouco mais de paciência. “Para quem esperou 39 anos é um bocadinho mais, mas é o tempo para se prepararem, se juntarem e motivarem todos os regantes”, apelou Assunção Cristas, realçando que um investimento deste montante precisa de um grande aproveitamento desde o seu início.
Esta obra será financiada com dinheiro do novo quadro comunitário, embora ainda com as regras do anterior, garantindo assim que não existe paragem no investimento.
“Estou entusiasmada e empenhada”, disse a governante, que espera ver a obra da estação elevatória ser lançada ainda neste mandato. E acrescentou que quer depois vir carregar no botão aquando da sua entrada em funcionamento (caso o seu partido ganhe as eleições e ela seja novamente ministra, ou convidada para tal).
Assunção Cristas disse ainda que está provado que esta região de propriedade pequena tem “belíssimos” exemplos de boa agricultura, mas destaca que é fundamental a união dos produtores de forma a ganhar escala e comercializar melhor os seus produtos dentro e fora do país.
O presidente da Câmara, Humberto Marques, está confiante que será possível atingir os objectivos pretendidos pela governante, até porque o decréscimo no valor previsto da obra (de 40 milhões para 28 milhões de euros) permite reduzir “drasticamente” o custo da água. Assim, cada beneficiário, terá um custo médio anual, por hectare, na ordem dos 100 euros, enquanto que actualmente gasta, só em energia, valores que rondam os 365 euros. “Terão que fazer menos investimento em bombas de pressão e terão menos custos de manutenção”, exemplificou o autarca.
Apesar de nesta região já se verificar uma aposta forte na agricultura, Humberto Marques acredita que ainda possa haver mais iniciativa privada nesta área. “É diferente ter um hectare a produzir numa zona que tem estes melhoramentos fundiários do que o ter num sitio onde se tem que fazer investimentos avultadíssimos para isso”, referiu.
O autarca, que também é produtor de fruta, diz que o regadio permite duplicar a produção. Actualmente a produção média por hectare anda na ordem das 12 toneladas, mas com a rega esta pode ir “até às 35, 40 toneladas”, refere, acrescentando que, por outro lado, verifica-se uma redução ao nível do custo, desde logo o energético.
O autarca deixou ainda um apelo a que também os jovens agricultores possam ver neste investimento uma oportunidade para se instalarem e fazerem o emparcelamento.
O presidente da Associação de Regantes de Óbidos, Filipe Daniel, agradeceu à ministra da Agricultura por ter “tornado realidade um sonho que já vem de há 39 anos” e destacou a importância do regadio, não só ao nível da rentabilidade da produção, mas também da empregabilidade que permite.
Depois do encontro, que decorreu na Câmara, Assunção Cristas deslocou-se ao Arelho, onde teve oportunidade de ver os campos de fruta existentes nas Baixas de Óbidos.
Cronologia

1976 – Início dos contactos de sensibilização aos produtores
1977 – A Hidroprojecto elabora o projecto
Década de 80 – Foram desenvolvidos os estudos prévios para a elaboração do projecto e os projectos referentes ao Aproveitamento Hidroagrícola das Baixas de Óbidos
1995 – Realizado o estudo prévio do emparcelamento, projecto em execução e estudo de Impacto Ambiental.
1997 –Constituição da Associação de Beneficiários do Plano de Rega das Baixas de Óbidos
2000-2003 – Iniciada a estrutura da albufeira da barragem
2005 – Conclusão e inauguração da barragem
2015 – Abertura do concurso para a estação elevatória
Menos pêra Rocha que no ano passado
Este vai ser um ano atípico em termos de produção de pêra Rocha, diz Filipe Daniel, prevendo uma quebra de 50% em relação ao ano anterior. “O ano passado tivemos 306 mil toneladas e este ano prevê-se que a produção seja entre 150 a 170 mil toneladas na zona Oeste”, explica o técnico agrícola, acrescentando que há quebras significativas nos vingamentos do fruto, que advém dos últimos anos de grande produção e do facto das árvores estarem esgotadas.
Ainda assim, esta quantidade vai garantir que os mercados externos se mantenham abertos, diz Filipe Daniel, acrescentando que outros frutos, como a maçã, ou as nectarinas, poderão beneficiar com esta redução.






























