Dois anos depois de a associação PH ter apresentado a proposta de classificação do monumento de Ferreira da Silva, denominado Quatro Estações ou Jardim de Água (situado junto ao hospital das Caldas), como património de interesse público, a Direção Geral do Património Cultural (DGPC) indeferiu a pretensão. O despacho de arquivamento foi assinado pela directora-geral, Paula Araújo da Silva, poucos dias antes de terminar o exercício de funções. Esta decisão fundamentou-se na “demasiada proximidade temporal para a devida apreciação”, refere o documento, a que a Gazeta teve acesso.
A associação PH vai, agora, reclamar deste despacho, questionando os respectivos fundamentos. De acordo com a entidade caldense, o principal argumento a ser invocado consta já da documentação do próprio processo elaborado pela DGPC. Isto porque o parecer do técnico da Direção-Geral encarregue de informar sobre o pedido vai no sentido contrário ao despacho, ou seja, recomenda a abertura do processo de classificação.
Além disso, a associação realça que a diretora-geral põe em dúvida a possibilidade de classificar um património tão recente, contrapondo que, na legislação, nada impõe como critério de classificação a idade do objecto a classificar. E dá mesmo como exemplo a classificação dos painéis de Querubim Lapa no interior da Casa da Sorte, em Lisboa.
Para elaborar a contestação, a PH está a pedir a colaboração de especialistas, de forma a obter a reponderação da decisão de arquivamento. Espera também que a Câmara, “que não respondeu ainda à solicitação que a mesma associação lhe apresentou a 30 de Abril de 2018 para que abrisse um processo de classificação da mesma obra como de interesse municipal, secunde este pedido”, refere a associação em comunicado.
A classificação das Quatro Estações é, no entender da associação Património Histórico, “justa e imperiosa”, tendo em conta que é um “tributo à imensa obra de um dos mais importantes nomes das artes plásticas portuguesas da segunda metade do século XX e um instrumento decisivo para a defesa patrimonial e valorização cultural da peça em causa”.
A Câmara das Caldas e o Centro Hospitalar do Oeste (CHO) vão trabalhar em conjunto na recuperação e preservação do Jardim de Água, de Ferreira da Silva. Numa reunião entre as duas entidades, estas comprometeram-se a resolver, em conjunto, os problemas de requalificação e manutenção da obra, de grandes dimensões, que se encontra ao abandono há mais de uma década, nunca tendo sido concluída, especialmente os seus percursos de água.
Associação PH insiste na classificação do Jardim de Água
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