Associação Espeleológica de Óbidos fora do Mercado Medieval provoca polémica

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Gazeta das Caldas
O grupo Guarda do Alcaide, da Associação Espeleológica de Óbidos, numa das edições do Mercado Medieval (Foto Arquivo)

A Associação Espeleológica de Óbidos (AEO) não participa este ano no Mercado Medieval e esta ausência está a causar alguma polémica. A direcção da associação juvenil diz ter sido excluída por parte da empresa municipal Óbidos Criativa (entidade que organiza o evento), mas esta justifica que a primeira pediu valores muito elevados para participar na animação.

A direcção da Associação Espeleológica de Óbidos tornou público que ao fim de 16 anos de “participação intensa e colaboração constante” no Mercado Medieval, foi excluída pela Óbidos Criativa. Uma atitude que classifica de “deplorável” e que entende ser um ataque directo à associação juvenil, com trabalho reconhecido pela população e liderada pelo actual vereador da oposição e ex-candidato à Câmara pelo PS, Vítor Rodrigues.
Os ânimos incendiaram-se nas redes sociais, o que levou o presidente da Óbidos Criativa, Ricardo Ribeiro, a emitir um comunicado a explicar por que não contratou aquela associação para o evento. A AEO costuma estar presente através da Guarda do Alcaide, um grupo de esgrima e recriação medieval.
Ricardo Ribeiro diz que há vários anos que a relação entre a empresa municipal e a AEO se estabelece através da contratação de uma prestação de serviços de animação, mediante a apresentação de propostas de valores enviadas à Óbidos Criativa. “Os valores apresentados pela AEO são em ordem de grandeza maior do que os valores que pagamos habitualmente aos restantes grupos que se deslocam a Óbidos vindos de todo o país e alguns de fora”, explica, acrescentando que as propostas desta associação cresceram “exponencialmente nos últimos anos”.
O responsável detalha mesmo os valores contratados à AEO: 2014 e 2015 (4.000 euros), 2016 (6.500 euros), 2017 (7.000 euros) e a proposta para 2018, no valor de 8.000 euros, que não foi adjudicada.
A direcção da AEO responde com outro comunicado, onde lembra que esta associação está no Mercado Medieval desde a sua primeira edição e que na altura ocupava o Torreão de S. Tiago como sede. Usou estas instalações nas duas primeiras edições, tendo depois sido dali despejada.

A AEO começou por participar no Mercado com uma taverna e colaborando gratuitamente na animação (liça, desfiles e assaltos ao castelo), mas esta situação provocava um “grande desgaste aos jovens envolvidos e, logicamente, um decréscimo de eficácia em ambas as actividades”. Foi então acordado que a AEO dedicar-se-ia exclusivamente à animação, usufruindo de todas as condições dos outros grupos de animação contratados. Passou a ter a componente de acampamento militar e civil, desfiles, torneio de tiro com arco, assaltos ao castelo, entre outros, o que levou a investimentos em armamento, tendas, vestuário e decoração.
A direcção da AEO refuta os valores apresentados pela Óbidos Criativa, especificando que em 2014 e 2015 foram pagos 5.500 euros, repartidos em 4.000 euros para animação e 1.500 euros para a alimentação, tarefa que também faziam no acampamento.
Em 2016 e 2017 os valores apresentados correspondem ao total do valor da animação e alimentação.
Destacam que cobram um valor de 32 euros à hora (5.500 euros por 172 horas), “manifestamente mais baixo que o cobrado por qualquer outro grupo ou animador”.
A direcção salienta ainda que mantêm uma média de 14 voluntários em permanência diária, “jovens do concelho, que aproveitavam estes quatro fins-de-semana para ganhar qualquer coisa”.
No comunicado é ainda lembrado que a proposta para a participação deste ano surge por sugestão da própria empresa municipal no final do Mercado Medieval de 2017. A AEO apresentou então uma proposta para a realização dos combates apeados, englobando um grupo de 13 pessoas, que contemplava 48 torneios, desfiles e realização do VII Torneio de Tiro com Arco no valor de 12,80 euros por pessoa, por torneio. “Acreditamos mesmo assim que a nossa proposta ainda seria mais baixa do que a que foi aprovada”, refere a direcção. Mostra-se, por isso, perplexa com a forma como foi excluída, acrescentando que não teve oportunidade de discutir e acertar valores, ao contrário do que aconteceu em anos anteriores.

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