Associação de Defesa da Nazaré diz que centro de talassoterapia na praia é “crime” ambiental

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Quando, em 2010, se soube que o Grupo Miramar pretendia construir um centro de talassoterapia no local onde então existia o Barra Bar, em pleno areal, a Associação de Defesa da Nazaré (ADN) disse que isso “significaria o agravamento de um atentado urbanístico e ambiental, criado com a edificação do Barra Restaurante Bar”.

Agora que as obras começaram e que a empresa nazarena divulgou que quer ver a  talassoterapia a funcionar em Junho de 2012, a associação vem de novo manifestar-se contra o que diz ser um “‘crime’ no litoral português”.
Em comunicado, a ADN salienta que este investimento é “uma monstruosa construção de betão de cerca de 1.000 metros quadrados, em cima das dunas da praia da Nazaré”. Apontando um “forte impacto visual negativo” ao projecto, a associação vem ainda dizer que esta obra “constitui uma privatização encapotada de uma parte da praia, a qual deve ser pública e acessível a todos”.
A ADN entende que “a população e o interesse público requerem a clarificação das responsabilidades das entidades competentes, relativamente ao licenciamento e eventual financiamento deste projecto e que, por acção ou omissão, poderão vir a causar mais um ‘crime’ no litoral do país”. Por isso, lança uma série de perguntas, onde questiona sobre o processo de mudança de uso do Barra Bar para outro equipamento com fins diferentes, sobre a razão de ser o Grupo Miramar a construir o centro de talassoterapia e sobre a intervenção da autarquia nazarena e da CCDR de Lisboa e Vale do Tejo no licenciamento do projecto.
A associação quer ainda saber “que localizações alternativas foram estudadas para a implantação do projecto que minimizassem os negativos impactes ambientais e urbanísticos deste equipamento”, bem como se foi cumprido o Plano de Ordenamento da Orla Costeira Alcobaça-Mafra e o Plano Regional de Ordenamento do Território do Oeste e Vale do Tejo.
Por fim, pergunta de que forma foi acautelado “o cumprimento dos demais normativos legais e ambientais na decisão de atribuição de fundos do QREN a um projecto com evidentes danos ambientais?”.
As perguntas têm um único propósito: saber “quais os motivos que estão na origem da precipitação deste processo, destruindo paisagisticamente a praia da Nazaré” quando em muitos casos, não só em Portugal mas também no estrangeiro, equipamentos deste género estão “próximos do mar, mas não literalmente em cima da praia”.
Já em construção, o Barra Talasso deverá custar 2,2 milhões de euros, dos quais 1,5 milhões são comparticipados por fundos comunitários. O objectivo é recuperar a tradição dos “banhos quentes” na Nazaré, usando a água do mar para fins terapêuticos e de bem-estar.
O Grupo Miramar já garantiu que o projecto não esquece as preocupações com a pegada ambiental (iluminação a LED, recurso à energia solar, devolução da água ao mar “sem qualquer tratamento químico” e recuperação do calor produzido internamente).


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