Associação das Águas Santas reabre as portas

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Nova dinâmica da associação inclui as várias gerações

Nova geração assumiu projeto antigo e quer recuperar parte do antigo balneário termal

A Associação Cultural e Recreativa das Águas Santas, um projeto iniciado nos anos 1990 pelos moradores e amigos daquela zona da cidade das Caldas da Rainha, recebeu recentemente uma nova dinâmica com as novas gerações a assumirem um projeto com quase duas décadas. A associação começou a trabalhar num espaço no antigo balneário termal das Águas Santas. Ali foram feitas obras, criando um piso superior e o acesso, mas também uma grande janela para a rua. Depois das promessas iniciais não concretizadas por parte do poder local e do investimento, em tempo e em trabalho, depois de zangas entre os moradores, o projeto acabou por ficar ao abandono. Da Comissão Instaladora (composta por José Fialho, Umbelina Barros, António Peralta e Fernando Lopes) não se evoluiu para eleições. Quase duas décadas volvidas, um grupo de jovens, descendentes dos pioneiros deste intento, uniram-se e lançaram-se ao trabalho para recuperar o espaço no antigo Balneário Termal que servirá de sede à associação, com uma sala polivalente, com uma copa, no rés-do-chão e um espaço museológico no primeiro andar.
“Nas Águas Santas não há nada, nem um café, nem uma mercearia, nem uma associação para as pessoas se juntarem”, realça Virgínia Barros, uma das pioneiras do projeto.
O grupo de jovens é composto por Pedro Ventura, Sofia Borges, Anabela Coito, Marta Barros, Filipe Lopes e Eva Duarte. Pretendem realizar workshops, eventos e festas e recriar tradições antigas, como o saltar à fogueira e os jogos tradicionais da malha ou do chinquilho Além disso, gostariam de ter em exposição uma das banheiras termais, em mármore, que existiam naquele local. Defendem também que o estudo das águas seria importante para perceber a qualidade das mesmas. A descoberta destas águas termais não tem uma data concreta, mas há registo das mesmas em meados do século XIX. Diz Florêncio Galvão que nessa época encontrou “doentes a tomar banho em oito tinas de madeira colocadas dentro de um barracão da mesma matéria, que a zelosa Câmara ali mandou fazer para este fim, onde tem um empregado seu, a fim de fazer uma tal ou qual inspecção dos doentes e dirigir os banhos”.
No início do século XX existiam, segundo Tenreiro Sarzedas, 10 banheiras de mármore de 1ª classe e cinco banheiras de folha, contando com um albergue, composto por duas enfermarias, para os dois sexos, e dois quartos para os enfermeiros que cuidavam dos doentes, além de uma cozinha comum. O mesmo explica que este albergue era sustentado “pela caridosa intervenção de muitas senhoras da nossa primeira sociedade, de Lisboa principalmente, que, sendo habitues das Caldas da Rainha, tomaram como pretexto para exercerem o seu caritativo intento, a generosa ideia de abrigarem naquela casa de beneficência os desgraçados leprosos que, indo procurar as Águas Santas o pretenso alívio para o seu mal, divagavam pelas ruas das Caldas, esmolando o pão para cada dia”. ■

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