
A Associação DAR – Design Advanced Resources, sediada nos Silos, nas Caldas da Rainha, assinalou um ano de existência com a inauguração da Galeria da Amargura e três noites de animação no Parqe, um dos seus parceiros. Foi fundada pelos designers André Rocha, Sofia Martins e Rita Olivença com o objectivo de colocar os seus conhecimentos e equipamentos à disposição de outras pessoas que queiram desenvolver projectos nesta área.
Durante o primeiro ano dinamizaram diversos projectos, que terão continuidade e querem chegar aos estudantes da ESAD, mas também ao cidadão comum.
“Nós ajudamos a fazer acontecer”, sintetizam os responsáveis, que escolheram esta região porque perceberam que aqui “trabalha-se o design”.
A associação surgiu da vontade das empresas que trabalham na área do design de se juntarem e criarem uma associação onde pudessem colocar os seus conhecimentos e também os equipamentos que usaram para desenvolver os seus projectos e que podem ter mais rentabilidade.
Durante o ano passado a DAR desenvolveu diversas iniciativas, algumas delas que correram menos bem por falta de público, como foi o ciclo de workshops. “Fomos muito dinâmicos na organização do evento, foi reconhecida a selecção dos oradores e tivemos, inclusive, convites para o levar para fora das Caldas, mas na cidade não houve público”, conta André Rocha, reconhecendo que talvez tenham investido pouco em comunicação.
Também participaram activamente no Caldas Late Night (CLN), tanto com o apoio a um projecto de jovens da ESAD como com actividades próprias. Fizeram um pit stop (zona de paragem) para descanso dos visitantes do evento, com fardos de palha, numa combinação com a instalação ali existente que recriava os sons e vivências do Mercado de Santana. Foram também convidámos três cervejeiros do Porto, que apresentaram a marca Sovina e fizeram um workshop gratuito de cerveja artesanal.
Foi ainda feita, pela primeira vez, uma gincana de triciclos apenas para crianças. “Para nós é muito importante criar parcerias e, nesse evento tivemos a parceria dos alunos, tivemos a ESAD a ligar-se às Caldas e a ligar-se a pessoas que estão na cidade”, defendeu Rita Olivença, destacando que falta uma maior ligação à comunidade.
Na época do Natal dinamizaram um workshop de projectos de design que depois foram vendidos na Praça da Fruta. “Quisemos colocar os objectos [centro de mesa, individuais] num espaço da comunidade”, referiu Rita Olivença, garantindo que foram muito bem recebidos.
A associação também se envolveu no debate do orçamento participativo e irá implementar este ano as oficinas sociais, um projecto apresentado inicialmente por Lacerda Fonseca e ao qual se associaram. A ideia (que tem disponível uma verba de 17.590 euros) passa por adquirir mais equipamento, que possibilite a confecção de vários tipos de produtos, concebidos por designers, e que depois poderá ser feita por pessoas que actualmente se encontram sem ocupação profissional. No fundo, pretendem juntar quem cria com quem sabe fazer, para conceber novos produtos que sejam vendáveis nas Caldas. Parte do investimento será também para recursos humanos, pois pretendem criar um posto de trabalho.
André Rocha vai também participar, juntamente com Alexandre Cunha, Lino Romão, Lacerda Fonseca e Nicola Henriques, na elaboração do regulamento do próximo orçamento participativo e ver as boas práticas que devem ser concretizadas.
“Vamos ver se não vão ser as oficinas sociais que vão mostrar à indústria local a aposta deviam ter feito ao longo do tempo e o que perderam por ter estado estes anos todos arredados”, pondera André Rocha, referindo-se à dissociação que tem havido entre os designers e a indústria.
Necessidade de ligar o design à industria
Também Sofia Martins partilha da opinião que tem faltado uma ligação entre o design e a indústria, apesar da região norte começar a mostrar uma abertura maior para design, sobretudo no têxtil, mobiliário e calçado.
“Há uma cultura de não se associar, mesmo havendo exemplos de sucesso”, disse à Gazeta das Caldas.
Os jovens mostram-se defensores do Open Design, um design livre de propriedade intelectual registada, mais aberto e que qualquer pessoa possa produzir. “A mais valia está na produção e capacidade de fazer”, explica André Rocha, destacando um dos grandes problemas que encontram é o da visão do designer enquanto especialista numa determinada área, quando este deve ter algo a dizer, juntamente com todos os outros agentes de uma empresa.
Os projectos são muitos e, para a sua concretização são precisas mais pessoas, daí o apelo que fazem ao voluntariado, sobretudo de estudantes (por terem mais disponibilidade) ligados às áreas da comunicação e design. “Queremos voluntários para participar desde o debate de ideias, à implementação e concretização dos projectos, assim como arrumos”, concretiza André Rocha, acrescentando que são pro-activos e deram o pontapé de partida, mas o projecto é “para todos e é importante que as pessoas percebam isso”.
Querem, por isso, implementar os seus projectos noutros espaços da cidade, de modo a terem uma maior interacção com a comunidade.
A associação está aberta à participação de empresas, permitindo assim a partilha de recursos, como pessoas, tendo as modalidades de estatuto estudante, sócio regular e empresas.
Galeria assinala primeiro aniversário
Para assinalar um ano de funcionamento, a DAR inaugurou a Galeria da Amargura, que funciona nos nichos da parede lateral do bar Parqe, e que pretendem que tenha bastante interacção e dinamismo. O artista Cheep foi o primeiro a expor no novo espaço cultural, com um projecto que desenvolveu dentro da própria associação com a colaboração de Dinis Simões.
O inconveniente da galeria é o vandalismo, por esta se encontrar no exterior do edifício. Ainda assim os jovens não desistem e pretendem ter, a cada dois meses, um novo projecto de rua.






























