Associação Comercial toma a iniciativa de limpar graffitis do centro da cidade

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Limpar algumas paredes e fachadas de edifícios do centro da cidade e ao mesmo tempo promover hábitos de limpeza junto dos comerciantes e cidadãos caldenses, foram os dois principais objectivos de uma acção que decorreu no passado sábado de manhã, 16 de Junho, no centro das Caldas.
A Associação Comercial das Caldas da Rainha e Óbidos (ACCCRO) pôs mãos à obra e fez uma primeira acção simbólica de remoção de algumas das pinturas que invadiram espaços públicos e privados da cidade.
“É simbólico porque sabemos que não vamos conseguir limpar todos os graffitis. São anos e anos de incúria e alguma negligência da limpeza destes espaços”, comentou o presidente da ACCCRO, João Frade.
Em pouco mais de 20 minutos, começaram por ser limpos os rabiscos que estavam no suporte da estátua da Rainha D. Leonor. “É algo que simboliza a cidade e até acho inadmissível que alguém fizesse aquilo”, criticou João Frade.
O presidente da Câmara esteve presente no arranque da iniciativa, tendo elogiado a acção promovida pela associação comercial.
“É uma forma de sensibilizar as pessoas que andam a sujar as paredes para não o fazerem”, disse. O autarca quer que a cidade seja mais apelativa e por isso pediu aos proprietários dos edifícios que alertem as autoridades quando vêem alguém a pintar indevidamente.
Segundo Fernando Costa, a autarquia está disponível para ceder locais que possam servir para manifestações artísticas com graffitis. “Há locais que têm todas as condições para que possa estar à vista a verdadeira ‘street art’, em vez de andarem a pintar paredes sem qualquer nexo”, afirmou.
Para o edil caldense, não é da responsabilidade da autarquia a grande quantidade de graffitis que invadiram os edifícios das Caldas. “Vocês devem é apontar os prevaricadores que, de uma forma indecente e vergonha, fazem este tipo de trabalhos”, disse o autarca dirigindo-se aos jornalistas. Na sua opinião, cabe primeiro aos proprietários terem a preocupação de cuidarem do que é seu e não é suficiente apenas estar sempre a limpar. “Isto só se faz com cidadania e sentido de responsabilidade ou chamando a polícia para intervir”, considera.
No local, um dos writers que a Gazeta das Caldas recentemente entrevistou num trabalho sobre graffitis, João “Kodak” Pereira, quis que Fernando Costa lhe explicasse como é que efectivamente poderiam ter um espaço para pintar, mas também não obteve uma resposta directa. “É preciso um projecto com pés e cabeça, não só estar a mandar umas palavras para o ar”, referiu João Pereira.

ACCCRO empresta materiais de limpeza

Na acção de 16 de Junho pretendeu-se principalmente limpar as pinturas feitas na pedra, que são mais difíceis de remover. “Nas paredes a melhor solução é pintar por cima”, referiu João Frade.
A partir do centro da cidade estabeleceu-se um plano de acção, tendo sido identificados os locais com mais necessidade de limpeza. “Quisemos alargar o mais possível a acção das brigadas de limpeza criadas”, explicou, embora a chuva que caiu durante o princípio da manhã tenha prejudicado um pouco a iniciativa.
A maior parte do trabalho foi feito com esfregonas e produtos de limpeza, mas a associação comercial adquiriu também uma máquina própria para limpar pedra, para tentar retirar o máximo da tinta que foi absorvida.
No total gastaram nesta acção cerca de 2000 euros, incluindo a contratação de 10 ajudantes e de produtos de limpeza distribuídos pelos vários comerciantes. Foram principalmente estas pessoas contratados que acabaram por fazer a maior parte do trabalho nessa manhã.
“A ideia é que no futuro quando seja feita alguma pintura, esta possa ser apagada logo de imediato, evitando que a tinta se propague”, referiu João Frade, que tem ao dispor também na sede da associação mais material que pode ser utilizado por quem o requeira.
“Se pelo menos cada um se preocupar com a sua parede, evitamos que a cidade fique no estado em que está neste momento”, comentou o dirigente.
João Frade apela também a quem faz graffitis que tenha em atenção aos locais onde os fazem, para não prejudicarem a imagem das Caldas. “Pode ser entendida como uma forma de arte, mas nos locais próprios e não como vandalismo”, entende.
As próximas iniciativas de limpeza poderão ser feitas durante a semana e a horas em que os próprios comerciantes possam contribuir mais com a sua ajuda. Será também alargado o seu âmbito para fora do centro.

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Comerciantes satisfeitos

António Faustino, proprietário da Sportino, foi surpreendido durante a manhã com esta iniciativa e foi com agrado que viu ser limpa a fachada do seu estabelecimento na rua Heróis da Grande Guerra. “Achei uma iniciativa óptima e necessária, porque a cidade está um pouco descaracterizada”, comentou.
“Eu só soube agora porque senão tinha-me juntado à iniciativa”, referiu, dizendo que futuramente estaria disponível para ajudar, mesmo na limpeza de espaços comuns ou de outros edifícios.
Como compreende a necessidade dos jovens em se expressarem através dos graffitis, o comerciante entende que se devem criar locais próprios para as pinturas nas paredes.
Paulo Agostinho, proprietário da loja Zelu, faz parte do grupo de comerciantes que há um ano fez uma recolha fotográfica das paredes grafitadas no centro da cidade para chamar a atenção da câmara municipal para este problema. “Os espaços públicos e privados estavam e continuam a ser vandalizados”, denunciou, tendo na altura reunido com a direcção da ACCCRO e com o presidente da câmara.
“Esta iniciativa demonstra que nós não temos que estar quietos e sujeitos ao que meia dúzia de vândalos decidem”, disse. “As pessoas têm-se manifestado muito agradadas com esta ideia”, comentou.
A empresa de limpeza Manomagic, com sede nas Caldas, também ajudou com uma equipa de limpeza em algumas paredes. Segundo João Frade, esta empresa irá também colaborar na pintura de alguns edifícios.

Pedro Antunes
pantunes@gazetadascaldas.pt

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