As Caldas de Arêgos também têm uma rainha ligada à sua fundação

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Painel de azulejos que representa a rainha D. Mafalda, fundadora de Caldas de Arêgos

28 Por isso, decidiu construir uma albergaria – no séc. XII – que seria o primeiro de vários balneários que se tornaram famosos até à actualidade. É uma história similar à de outra rainha e de outra terra que também se chama Caldas.

Quando se fala das Caldas, pensa-se em Caldas da Rainha. E tanto o pensam os caldenses, como a maioria dos portugueses. O próprio “Senhor Google”, quando consultado com a palavra “Caldas”, apresenta de imediato várias páginas com entradas relacionadas com as Caldas da Rainha. Mas também há mais localidades em Portugal começadas por Caldas e igualmente ligadas ao termalismo, como é o caso de Caldas da Monchique, Caldas de Moledo e Caldas de Arêgos.
Esta última é uma pequena localidade à beira do rio Douro, no concelho de Resende. Fica a 90 quilómetros do Porto e a 282 quilómetros das Caldas da Rainha. A viagem faz-se em pouco mais de três horas, mas não tem um percurso fácil. A A8 e a A1 fazem-se bem. Depois vem o terrível IP3 entre Coimbra e Viseu. A seguir a coisa melhora com a quase sempre vazia A24 que permite uma condução suave pelas montanhas da zona de Lafões, mas algures depois de Castro de Aire é necessário “fazer-se à estrada” e atravessar a Serra de Montemuro, penetrar no Douro e continuar em curvas e contracurvas até atravessar Resende e descer a Caldas de Arêgos.

PENSÕES, HOTÉIS E HOSPEDARIAS

A terra tem a forma de um anfiteatro sobre o rio e convida a um passeio a pé. Destaca-se desde logo a fluvina (é tentador dizer marina, mas, na verdade, trata-se de um porto fluvial), onde atracam embarcações de recreio e, não raras vezes, algum navio de cruzeiro do Douro. No centro está o edifício das termas, que data dos anos 90 do século passado e é explorado pelo próprio município. À volta há um edificado muito interessante, de que se destacam antigas pensões e hospedarias, algumas delas recuperadas, como é o caso do Hotel Comércio e do Douro Hotel & Spa. Há, também um razoável leque de alojamentos locais nas imediações.
Como estância termal tem também o seu “parque”, neste caso a Avenida das Tílias, que acompanha um curso de água que desagua no Douro.
Novo e velho coexistem harmonicamente em Caldas de Arêgos. As casas dos brasileiros, do princípio do século XX e alguns exemplares de art déco não deixam de brilhar com uma correnteza de prédios cujas lojas no rés-de-chão estão fechadas. Apesar de viver do turismo, de possuir piscinas e um centro náutico, a localidade não tem um comércio muito próspero.
O rio Douro é, claramente, o elemento mais imponente da localidade. A poucos quilómetros da barragem do Carrapatelo, o espelho de água é majestoso e a paisagem é sublime, enquadrada pelos socalcos com vinhedos.
Um aspecto curioso é o acesso ferroviário a Caldas de Arêgos, cuja estação fica do outro lado do rio. A Câmara Municipal subsidia uma embarcação que liga as duas margens à hora de passagem dos comboios para trazer e levar os passageiros. De Arêgos ao Porto a viagem demora 1 hora e 20 minutos, mas se o objectivo for passear de comboio, recomenda-se a magnífica viagem, sempre à beira do Douro, até à Régua, ao Pinhão, ao Tua, ou até ao Pocinho.

A ÁGUA TERMAL

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Voltemos a Caldas de Arêgos para sublinhar que a sua componente termal torna-se mais evidente para o visitante do que nas Caldas da Rainha. Basta dizer que é mais pequena e que tem as termas bem implantadas no seu centro. O antigo edifício sofreu uma inundação nos anos 60 e foi depois demolido, mas dele há um interessante documentário que pode ser visto online bastando pesquisar “Caldas de Arêgos 1945”.
Também no centro está um lavadouro onde corre abundante água termal. Ali sente-se o cheiro a enxofre das águas, que jorram bastante quentes, sendo aproveitadas para a lavagem da roupa (ainda há mulheres que utilizam aquele equipamento todos os dias) e para as termas.
Um painel de azulejos alude à criação das Caldas pela rainha D. Leonor, perdão, pela rainha D. Mafalda, mulher de D. Afonso Henriques, que no séc. XII ali mandou construir uma albergaria para os mais necessitados. Isto porque, tal como noutras futuras Caldas, havia por ali umas poças com águas quentes onde os que nelas se banhavam sentiam efeitos curativos milagrosos.
Aquele edifício seria o primeiro de sucessivos balneários que acolheram milhares de aquistas ao longo dos séculos. Tal como nas Caldas da Rainha (D. Leonor), nas de Arêgos, o edifício das termas chama-se Balneário Rainha D. Mafalda.

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