Artes podem apoiar o bem estar e ajudar a manter a saúde mental

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A conferência contou com as intervenções de Rosalinda Chaves, João Carlos, Miguel Monteiro e Sérgio Viana

As artes podem ter efeito terapêutico e ser aliadas da psicologia

Foi com sala cheia que se realizou o debate “Arte e Saúde Mental: Reflexões sobre Isolamento e Depressão”, na galeria do Posto de Turismo.
Na iniciativa, coordenada pelo fotógrafo caldense João Carlos, autor das séries “Isolamento” e “Depressão”, participaram também Rosalinda Chaves, psicóloga caldense especializada em saúde mental, que usa a técnica terapêutica denominada PhotoVoice. Pela primeira vez, a convidada deu a conhecer na sua terra natal, o Desphoco, um projeto onde se utiliza a fotografia “como forma de pensar sobre nós próprios”. E na sessão colocou a plateia a analisar uma imagem com elementos de uma cadeira de rodas, e de alguém que usava uma bota ortopédica.
Os comentários, explicou, acabam por revelar “o que somos e o que cada um de nós pensa em relação a processos como a doença ou o envelhecimento”, explicou a psicóloga. A bota pertencia a uma senhora idosa que, por sua vez, nunca tinha pensado em aprender a fotografar e isso “foi algo muito importante”. Apesar de andar de cadeira rodas, agora quer apreender o mundo, através da máquina fotográfica.
Segundo Rosalinda Chaves, a Desphoco pretende promover a saúde mental através do uso da imagem em contexto clinico, com fins terapêuticos, e também na intervenção comunitária com pessoas em situação de vulnerabilidade.
Seguiu-se a intervenção de Miguel Montenegro, psicólogo clínico, ilustrador e criador da tira cómica Psicopatos. Foi também o primeiro ilustrador a conseguir ilustrar para a Marvel, antes de se ter dedicado à psicologia. O convidado deu a conhecer como surgiu a banda desenhada que coloca em destaque realidades relacionadas com o mundo da psicologia. A tira Psicopatos, criada em 2012, quando ainda era estudante continua a fazer furor e a ser comentada nos mais variados fóruns ligados ao setor. Por seu lado, Sérgio Viana, representante da Ordem dos Psicólogos Portugueses, também deu a conhecer que faz fotografia de natureza na sua vida pessoal. Habitualmente convidado para ir às escolas para falar sobre psicologia, Sérgio Viana fica surpreendido com o facto de ainda hoje, em pleno século XXI, ser necessário fazer literacia sobre o que faz um psicólogo. E contou que costuma usar uma das tiras dos Psicopatos de Miguel Montenegro para poder explicar o âmbito do trabalho e da ação da Psicologia.

Entre o público contaram-se muitas mulheres e profissionais da área

O psicólogo aproveitou ainda para se referir às fotografias de João Carlos, dedicadas ao Isolamento e à Depressão afirmando que João Carlos trabalhou estas séries “com subjetividade, criatividade e vulnerabilidade”. E, por isso, é através das artes que muitas vezes “nos conseguimos expressar e comunicar com o outro, conseguindo assim encontrar o nosso próprio equilíbrio”.
A mostra fotográfica, inaugurada a 5 de outubro, poderá ser vista até ao final do mês, entre as 10h00 e as 16h00. O fotógrafo que está à procura de novos espaços para apresentar as séries fotográficas, será durante esta semana orador numa conferência na Bélgica sobre Criatividade e Sucesso nos projetos. A 2 de novembro, João Carlos vai estar na FNAC de Coimbra fará um workshop sobre “Como fotografar Naturezas Mortas” e, à tarde, participará numa conversa sobre criatividade. ■

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