Arranca hoje na ULS do Oeste o programa “Ligue antes, salve vidas!”

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Os responsáveis da ULS do Oeste acreditam que o novo programa irá ajudar os utentes, reorganizando a resposta às suas necessidades clínicas

Em situação de emergência os doentes passam a ligar para a Linha SNS 24, que fará o encaminhamento para a resposta mais adequada à sua necessidade clínica. O objetivo passa por libertar as urgências e torná-las diferenciadas

Arranca hoje, 12 de dezembro, o programa “Ligue antes, salve vidas!” na Unidade Local de Saúde (ULS) do Oeste. A partir de agora, em caso de emergência o utente liga para a Linha SNS24 (808 24 24 24) e será orientado para o serviço de saúde mais adequado à sua situação clínica. Depois da triagem realizada pelos profissionais de saúde da linha SNS24, os utentes podem ser encaminhados para um centro de saúde, para os serviços de urgência hospitalar, ou recomendada a permanência em casa, com conselhos de autocuidado, transmitidos por um profissional de saúde habilitado.
Na conferência de imprensa para apresentação do projeto, que decorreu na passada segunda-feira, a presidente do CA da ULS Oeste, Elsa Baião, referiu-se ao projeto como “estruturante”, que visa transformar as urgências em urgências referenciadas. “Queremos reorganizar esta resposta, limitar o acesso na perspetiva de que só devem de ir ao serviço de urgência os doentes que têm indicação para tal”, disse, acrescentando que, em caso de doença aguda ligeira, podem ser atendidos noutros locais, com menos tempo de espera. O novo modelo permitirá também, de acordo com a responsável, uma rentabilização dos recursos afetos aos serviços de urgência e aumentar a satisfação das pessoas com o serviço que é prestado.
O programa “Ligue antes, salve vidas!” irá funcionar nos serviços de Urgência e Urgência Pediátrica dos hospitais das Caldas e de Torres Vedras e no Serviço de Urgência de Peniche. De fora, nesta primeira fase, fica a Urgência de Ginecologia e Obstetrícia, mas em breve deverá ser instalado um sistema semelhante, com as especificidades daquela especialidade. Elsa Baião garante que “ninguém ficará por atender” e que os doentes podem ser encaminhados para os cuidados de saúde primários, onde será agendada uma consulta para aquele dia ou para o dia seguinte. Se a situação clínica o justificar, poderá até ficar em sua casa, com vigilância da própria Linha saúde 24 num regime de auto-cuidados, ou ainda, se não for possível o atendimento nos cuidados de saúde primários, o doente será atendido no serviço de urgência hospitalar como era habitual. Este modelo, que tem por objetivo retirar os doentes com pulseiras azul e verde do hospital, possui critérios de exclusão, nomeadamente de idade. Todos os doentes acima dos 70 anos, que estejam acamados ou com dificuldades de locomoção não são abrangidos, nem os bebés até um ano.
“Cerca de 45% dos atendimentos nos serviços de urgência são evitáveis, no sentido em que podiam ser encaminhados para outro nível de cuidados. Nas urgências pediátricas a percentagem dispara, chega aos 67% de doentes com pulseira verde e azul e apenas uma pequena percentagem dos doentes é encaminhada pela Linha Saúde 24”, explicou Elsa Baião. O objetivo passa, numa primeira fase, por conseguir que 15 a 20% dos doentes que teriam pulseira verde e azul sejam deslocados para respostas mais adequadas.

Reforço nos centros de saúde
A implementação do programa, que já está a funcionar com sucesso noutras ULS do país, implica um reforço ao nível dos cuidados primários de saúde. Já está criado o atendimento complementar nas Caldas da Rainha e que funcionará durante a semana. Este atendimento funciona também nos centros de saúde de Torres Vedras, Cadaval, Sobral de Monte Agraço, Lourinhã e Bombarral. “As pessoas serão encaminhadas, em primeiro lugar, para a unidade funcional de inscrição e será aí que é garantido o atendimento. Os atendimentos complementares servirão sobretudo para pessoas sem médico ou pessoas que estejam deslocadas”, explicou Rodrigo Marques, diretor clínico para a área dos cuidados de saúde primários.
O reforço na resposta para o Plano de Contingência de Inverno permite mais 120 vagas por dia, explicou o responsável, acrescentando que já possuem 350 vagas de doença aguda por dia nos cuidados de saúde primários da ULS. Para além disso, há também um reforço ao nível da videoconsulta, complementado com os recursos que existem localmente nas unidades.
Também o diretor clínico dos cuidados de saúde hospitalares, Pedro Carvalho, acredita que o projeto trará benefícios quer para os utentes (que deixam de estar horas à espera e são encaminhados para uma consulta), como para os profissionais, que se podem dedicar mais aos doentes urgentes e dar uma melhor resposta. O médico reconhece que, numa fase inicial poderá haver alguma resistência, mas que “é o caminho. Temos de criar outros hábitos na população para que os nossos hospitais e serviços de urgência possam ser um verdadeiro serviço de urgência”, concretizou. ■

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