Melhoria da circulação pedonal, incremento do número de vias cicláveis, implementação de sistemas de bicicleta pública e beneficiação do transporte público são algumas das acções previstas no Plano de Mobilidade Urbana Sustentável. O documento, apresentado à autarquia caldense no passado dia 27 de Janeiro, foi desenvolvido pela MPT, empresa de planeamento e gestão da mobilidade

Nas Caldas da Rainha, em 2001, cerca 58% das pessoas usava automóvel, 10% deslocava-se de transportes públicos e 28% andava a pé. Uma década depois, o número de utilizadores do automóvel aumentou para 70%, os dos transportes públicos baixaram para 9% e os peões também decresceram para 19%. O objectivo da mobilidade sustentável é reverter estes valores e, assim, voltar aos do início do milénio. Os dados foram avançados por Jorge Gorito, da equipa técnica do MPT, empresa de planeamento e gestão da mobilidade, que fez o Plano de Mobilidade Urbana Sustentável para as Caldas.
De acordo com o responsável este é um documento estratégico cujas acções terão que ser concretizadas, muitas delas em projectos específicos, com benefícios para a população. Uma das acções que os técnicos consideram fundamental desenvolver é o repensar da envolvente dos estabelecimentos de ensino, potenciando o espaço caminhável. Defendem a implementação de corredores pedonais, a restrição da circulação viária nestes eixos, a colocação de uma correcta sinalização vertical e a limitação da velocidade de circulação automóvel. Sugerem a colocação de passadeiras sobrelevadas junto aos estabelecimentos escolares, bem como a redução do número de lugares de estacionamento em espaço público, complementada por parques no exterior.
Da análise da morfologia da cidade, os técnicos hierarquizaram tipos de intervenção em espaço público. Para alguns locais definiram a criação de zonas de coexistência, com prioridade aos modos sustentáveis de deslocação em detrimento ao automóvel, outros em que será mais pertinente a definição de zonas 30, como é o caso do núcleo central da cidade.

Cidade ciclável

De acordo com o técnico da MTP há uma “ausência de percepção das pessoas da distância do local a pé, pois estão habituadas a fazer o circuito de automóvel”, aconselhando a colocação de mapas que mostram a distância a que se está a pé de determinadas zonas.
O estudo defende que a autarquia continue a eliminação das barreiras urbanísticas e arquitectónicas e propõe a criação de meios mecânicos de apoio à mobilidade pedonal nos locais mais declive.
Na componente da cidade ciclável, o plano prevê o aumento da rede prevista, tornando-a mais coesa entre os estabelecimentos de ensino, serviços, equipamentos desportivos e zonas comerciais e habitacionais. Propõe ligações internas na cidade, assim como à periferia mais próxima, à Zona Industrial e concelhos vizinhos, como é o caso de Óbidos.
A MPT sugere também a implementação de um sistema de bicicletas públicas partilhadas, com vários pontos de parqueamento, que não tem que ser uma estrutura física, onde estas podem ficar organizadas. O plano identifica ainda um conjunto de locais onde seria relevante implementar medidas para facilitação do uso da bicicleta, como é o caso de calhas metálicas nas extremidades das escadarias.
No concerne ao transporte público e intermodalidade, olhando para as linhas do Toma, tentaram racionalizar as suas sobreposições. “Tentámos que se fizesse uma diminuição da extensão e que se simplificasse o seu traçado”, explicou o técnico da MPT, propondo também a ligação do transporte urbano à Zona Industrial e com o arco de estacionamento que prevêem para uma área mais periférica da cidade. Sugerem a articulação com o transporte ferroviário, com trajecto e horários coincidentes, assim como a criação de um sistema de bilhética integrada intermodal.
No que respeita ao estacionamento, o estudo prevê que em alguns locais, para qualificação do espaço público, sejam eliminados alguns lugares, e a reformação de áreas disponíveis, para criar bolsas. Para a zona central da cidade, entre a rotunda da rainha, a linha férrea e a Escola Secundária Rafael Bordalo Pinheiro, sugere a implementação gradual do estacionamento tarifado.
Também os autocarros turísticos deverão ter regras na cidade, com a redefinição dos sítios por onde podem circular, tomar e largar passageiros e estacionar. “O estacionamento de veículos desta dimensão não é uma actividade que se queira no centro da cidade”, disse Jorge Gorito, exemplificando com alguns pontos de estacionamento encontrados para dispersar estas viaturas.
O estudo sugere que haja um programa de sensibilização da população para transmitir os benefícios da mobilidade sustentável e que a sua monitorização é fundamental para perceber como este poderá caminhar ao longo dos anos.
Este plano, agora apresentado ao executivo, resulta de “um trabalho de várias entidades e do contributo dos vereadores e deputados municipais de todos os partidos”, referiu o vereador Hugo Oliveira. Para os vereadores socialistas trata-se de um documento “muito genérico”, que depende de um conjunto de acções que terão que ser definidas no futuro.

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