Apresentado diagnóstico e desafios à saúde no concelho das Caldas

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O debate contou com a presença de Paulo Sousa e juntou dezenas de representantes de entidades caldenses

Apresentação, integrada na criação do Plano de Desenvolvimento em Saúde e Qualidade de Vida do concelho, pela Escola Nacional de Saúde Pública, juntou dezenas de entidades ligadas ao sector

Caldas surge à frente da média nacional nas doenças do aparelho circulatório e do respiratório, tumores, doenças endócrinas, nutricionais e metabólicas e na diabetes, sendo que, neste último caso, mais do que duplica os dados do continente. Indicadores nos quais o concelho se destaca mas não pelas melhores razões, como reconheceu Paulo Sousa, docente da Escola Nacional de Saúde Pública e que, em conjunto com Adalberto Campos Fernandes, coordenou o Plano de Desenvolvimento em Saúde e Qualidade de Vida no concelho das Caldas. No fórum de debate, que decorreu a 30 de novembro com o objetivo de auscultar as entidades concelhias e os agentes locais de saúde, o especialista fez uma radiografia do concelho ao nível demográfico e sócioeconómico, mas também no que respeita à atividade desenvolvida pelos equipamentos de saúde e no seu acesso e utilização, por parte dos utentes. Deu nota do aumento “exponencial” de cidadãos sem médico de família, que ascendem a cerca de 20% da população do concelho, e da necessidade de aumentar e diferenciar a oferta de cuidados hospitalares, nomeadamente com uma Unidade de Cuidados Intensivos. “Isso ia alargar muito a diferenciação dos serviços que seriam prestados e também seria mais atrativo para outros profissionais de saúde”, considera Paulo Sousa. O responsável defendeu também o reforço de iniciativas intersetoriais, promotoras de estilos de vida saudáveis e envelhecimento ativo saudável, com especial enfoque na saúde mental.
Por outro lado, uma grande percentagem dos utentes que foi ao Serviço de Urgência do hospital das Caldas não tinha uma gravidade que justificasse o recurso àquele serviço, sobrecarregando-o. Destaca, por isso, o projeto existente entre a unidade hospitalar e o ACeS Oeste Norte, de encaminhar as pulseiras verde e azul para os centros de saúde, garantindo uma consulta nesse mesmo dia.
Paulo Sousa deu ainda nota da capacidade insuficiente ao nível dos cuidados continuados e paliativos. Num inquérito feito aos munícipes puderam perceber que gostariam que houvesse mais iniciativas que promovam a atividade física, gratuita, bem como a realização de rastreios e ações conjuntas, em que às instituições de saúde se pudessem associar escolas, empresas, IPSS, etc.

Reestruturação do hospital
Entre os desafios apresentados por Paulo Sousa estão a construção do novo Hospital do Oeste e a sua entrada em funcionamento, bem como a urgência em reestruturar as unidades do CHO, nomeadamente das Caldas, para ir ao encontro das necessidades atuais da população e atrair mais profissionais de saúde. A criação das Unidades Locais de Saúde são uma oportunidade para melhorar e reforçar a integração de cuidados, refere, embora desconheça a sua dimensão e área de influência. Em relação ao termalismo, Paulo Sousa destaca como prioritário a captação de público e a articulação em rede com as outras instituições de saúde, bem como uma aposta na sua modernização e abertura à vertente de bem-estar .
Presente no encontro, Sara Oliveira, adjunta da presidência, realçou a importância do trabalho em rede e das sinergias para o desenvolvimento de um “trabalho profícuo” em prol da promoção da saúde e da qualidade de vida da comunidade. O presidente da Câmara, Vítor Marques, destacou o trabalho da autarquia ao nível da prevenção, e o plano que está a ser elaborado e que será uma ferramenta para a definição da Estratégia Municipal da Saúde.
De acordo com Paulo Sousa, a estratégia municipal deverá ser um documento “ambicioso, realista e dizer onde vamos estar daqui por 10 anos”. O docente da Escola Nacional de Saúde Pública reconheceu ainda que, “embora o contexto sóciopolítico atual não seja fácil, é importante dinamizar iniciativas”, e deixou uma palavra de admiração ao trabalho dos profissionais de saúde e líderes de instituições públicas e privadas da área da saúde, feito nas atuais condições. ■

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