“Conhecer – Terras de Portugal” e “Um Livro Um Autor” são os títulos do livro de António Marques que foi apresentado no Hotel Sana, a 22 de Março, perante uma plateia de 180 pessoas. Trata-se de um livro “dois em um” onde o autor, director da Expoeste, reúne as crónicas que foram publicadas no Jornal do STAL (Sindicato Nacional dos Trabalhadores da Administração Local e Regional). Durante a sessão o autor confirmou que vai continuar a escrever e que, depois de terminar um livro sobre A dos Francos irá escrever sobre a cidade das Caldas. Na sessão dedicou um poemas de sua autoria ao concelho caldense (ver caixa).
“Há 20 anos que conseguimos conquistar uma página num jornal do STAL”. São palavras de António Marques durante a sessão de apresentação do seu novo livro, apresentado pelo seu amigo Hermínio Martinho e António Carneiro do Turismo do Oeste. “Não há mais nenhum jornal sindical que faça isto”, disse o autor, que conquistou um lugar naquela publicação com o intuito de dar a conhecer autores e terras de norte a sul do país. O jornal do STAL é mensal e tem uma tiragem de 70 mil exemplares, contou o autor que desde cedo revela interesse pelo mundo das letras. “Ousámos apresentar os gigantes da língua portuguesa e entre os maiores estão Camões e o padre António Vieira”, afirmou o autor. Entre os 35 autores fez questão de destacar Aquilino Ribeiro pois acha que não se lhe dá o devido valor. “foi um escritor que este sempre na linha da frente na luta pela liberdade”, comentou.
Durante a sessão também partilhou como era difícil ter que cortar as suas 20 ou 30 páginas sobre um escritor para que coubesse numa só página do jornal. Entre os textos dos autores contam-se registos sobre Eça de Queirós, Miguel Torga, António Aleixo, Alves Redol, Florbela Espanca, José Saramago, Antero de Quental, Ferreira de Castro, Camilo Castelo Branco, João de Barros, Agostinho da Silva, Manuel da Fonseca, entre outros.
Uma obra sobre
A-dos-Francos e outra sobre as Caldas
“Portugal é um país do mais bonito que há no mundo”, disse António Marques que visitou território nacional e ilhas e registou o que viu. Salientou, por exemplo, a Carrasqueira o lugar palafita no concelho de Alcácer do Sal sem esquecer Covilhã, Portalegre, Marvão, Bragança, Geres, Marinha Grande, Alqueva, Vila do Bispo ou Porto. Do Oeste preferiu retratar Óbidos até porque está a terminar uma obra relativa a A dos Francos e, em seguida, em resposta a um desafio deixado pelo vice-presidente da Câmara, Tinta Ferreira, António Marques vai escrever um livro sobre as Caldas da Rainha. “Estou à procura de um novo ângulo, pois já há várias abordagens de bons autores”, disse.
Na apresentação do novo livro – cujo lançamento decorreu em Novembro, em Lisboa – coube ao seu amigo e parceiro nas lides politicas, Hermínio Martinho, ex-líder e fundador do Partido Renovador Democrático (PRD). “Não podia recusar este convite”, disse o convidado que deu a conhecer alguns 35 escritores que António Marques seleccionou para falar nas suas crónicas do jornal do SATL. “São autores que estão ligados às nossas raízes mais profundas”, disse Hermínio Martinho, que há muito deixou a ribalta da politica. Trabalha na Tecnovia, o que o obriga a trabalhar no estrangeiro mas concorda que mais do que nunca são necessárias vozes activas para enfrentar este momento tão difícil que o pais atravessa.
As duas crónicas que António Marques assegura, têm continuação no jornal do STAL. A próxima crónica, referente aos autores, será dedicada a Álvaro Cunhal.
Todos os presentes louvaram a atitude de António Marques e alguns partilharam histórias vividas com o autor. A sessão contou ainda com a actuação do cantor de ópera, Giovanni D’Amore.
O livro “Conhecer – Terras de Portugal” e “Um Livro Um Autor” custa 10 euros, pode ser adquirido na secretaria dos Bombeiros Voluntários das Caldas da Rainha. O lucro reverte a favor daquela entidade local.
Toada das Caldas
Na Estremadura,
Virada
Ás ondas do mar imenso,
Por montes e vales
Desenhada,
Entre várzeas, florestas, jardins,
Praias e pomares,
Existe um lugar diferente
A quem amo, a que pertenço.
Com bons ventos,
Com bons ares,
Cheio de alma e de gente,
Cheio de encanto e beleza
Que hoje sei,
Tenho a certeza,
Nunca mais esquecerei.
Fiz nele o berço e a guarida
E o ninho da minha vida.
Lugar onde uma Senhora,
Rainha de Portugal,
Jurou em bendita hora,
Que das cálidas águas do fundo
Que brotavam das nascentes
E banhavam pobres gentes,
Nasceria um Hospital,
O mais antigo do Mundo
E uma cidade diferente
Cheia de Alma e de gente,
Que se afirme e se transforme
Num Concelho com o seu nome.
Dos dias da minha vida,
Foi aqui que eu mais vivi.
Na Estremadura,
Virada
Ás ondas do mar imenso,
Por montes e vales
Desenhada,
Cheia de encanto e beleza
Que hoje sei,
Tenho a certeza
Nunca mais esquecerei,
Salir, as dunas alterosas
Os moinhos com as velas acenando
O rio de águas mansas, vagarosas
Abraçam a Baia docemente.
Arribas e falésias debruando
O mar azul até á Serra do Bouro.
E olhando as Berlengas lá na frente.
A praia de ouro, a Foz do Arelho
A marginal, a Lagoa, o grande espelho,
Onde espreita, deslumbrado, o Nadadouro
E sempre o Mar Aberto,
E sempre ali tão perto,
E sempre a natureza bem presente.
Na Estremadura,
Virada
Ás ondas do mar imenso,
Entre montes e vales
Desenhada,
Por várzeas, florestas, jardins,
Praias e pomares,
Existe um lugar diferente,
A quem amo a que pertenço.
Com bons ventos,
Com bons ares,
Cheio de alma e de gente,
Cheio de encanto e beleza,
Que hoje sei,
Tenho a certeza,
Nunca mais esquecerei.
Tornada que nos conta a sua idade,
O Paul e as terras Reguengueiras,
E o Coto lá no alto a espreitar,
Envolvem, vaidosas a cidade
Atalaias, sentinelas verdadeiras,
Dedicadas, orgulhosas no seu preito.
Depois, no grande vale, Salir de Matos
E o verde das paisagens cintilantes
Que o sol insiste em querer mostrar
No dorso das montanhas, ondulantes,
Que se agitam além do Carvalhal Enfeito
Mimoso, gentil, singelo, amigo,
Até Santa Catarina, burgo antigo
Das cutelarias com história.
Alvorninha a forte, os mil casais,
Onde os monges ergueram escola e lança,
A dois passos das terras de Vidais,
Nos seus Crastos, no seu Arco da Memoria.
O Landal o Pão-de-ló e a magia
Da Serra que o Concelho inteiro alcança.
A dos Francos, as granjas senhoriais
Lendas que nos falam de Cruzados
De mãos dadas com a lira e o Arado.
S. Gregório e os Pomares bem trabalhados,
Fanadia e a cidade ali ao lado.
Dos dias da minha vida,
Foi aqui que eu mais vivi.
Senhora do Pópulo, Santo Onofre, freguesias
Que em conjunto desenham a cidade.
Cavacas, trouxas, beijinhos, doçarias,
A praça da Republica, o seu mercado.
A mata, o belo Parque, os Plátanos seculares
Museus de pintores, escultores e ceramistas,
Os falos, os sorrisos nos olhares,
Historias do presente e do passado.
O comércio, as Termas, os artistas
O lago onde sonhamos á tardinha.
E tudo recorda a Senhora
Que foi nossa fundadora,
Dª Leonor a Rainha.
Na Estremadura,
Virada
Ás ondas do mar imenso,
Por montes e vales
Desenhada,
Entre várzeas, florestas, jardins,
Praias e pomares,
Vivi em lugar diferente,
Que eu amo, a quem pertenço,
Com bons ventos,
Com bons ares.
Cheio de alma e de gente,
Cheio de encanto e beleza
Onde a emoção se adivinha.
E hoje sei,
Tenho a certeza
Nunca mais esquecerei
Amo as Caldas da Rainha.
Fiz nela o berço e a guarida
E o ninho da minha vida.
António Marques






























