Antiga escola primária da Amoreira reabre as portas ao conhecimento

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Edifício é, agora, uma biblioteca e integra um espaço expositivo com materiais utilizados no ensino desde inícios do século passado

Fernando Leitão, de 72 anos, voltou na passada quinta-feira à escola onde aprendeu a ler e a escrever, há mais de 60 anos. O amoreirense, que participou na abertura oficial da nova biblioteca da Amoreira, recorda que iniciou os estudos em 1956, ano em que a escola foi inaugurada, tendo-a frequentado até 1959, uma vez que fez os quatro anos do ensino básico em apenas três. “Andei aqui e nessa altura a sala parecia enorme, enquanto que agora é pequena”, refere, lembrando que foram “tempos bons”.

No entanto, não deixa de salientar que naqueles tempos o ensino era bastante mais rígido. “Tive uma professora que, como pedagoga e para ensinar era espetacular, mas que tinha uma forma de o fazer bastante rígida”, lembra Fernando Leitão, na inauguração da nova biblioteca, que tem um espaço expositivo com materiais utilizados no ensino desde o início do século XX.
Acabou a escola primária com 10 anos e lembra que nos três anos seguintes (até ir para Lisboa) a cada 7 de outubro, dia em que começavam as aulas, regressava à escola para visitar a professora. Fernando Leitão vê com agrado a reconversão do espaço em biblioteca, apenas lamenta que esta não se situe no centro da aldeia, de modo a facilitar uma visita. O antigo aluno deixa também a sugestão para que as escolas possam ali realizar visitas de estudo, de modo a que os alunos possam tomar contacto com os materiais e a forma de ensinar do passado e, dessa forma, aperceberem-se das diferenças para os dias de hoje.
Esse intercâmbio é também um dos objetivos do atual executivo da Junta de Freguesia, que abriu o espaço próximo do início do ano letivo, de modo a dar um “empurrãozinho” para depois as escolas a procurarem para conhecer, explica a presidente, Vanessa Rolim. A cessar funções no final no mês, a autarca quer deixar a biblioteca aberta, pelo menos na altura em que está a funcionar o Espaço Cidadão, nas tardes de terça e quinta-feira.

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Espaço de memória
A biblioteca possui já com um espólio de mais de 2.700 livros de diversas temáticas e destinada a diferentes públicos, desde Estilos de Vida, História, Literatura, e será enriquecida com mais obras. “Praticamente todos os dias recebo telefonemas de pessoas que querem contribuir”, salienta a autarca, dando nota do interesse da comunidade em participar.
Em exposição está também material para mostrar como era o ensino no passado, que foi recolhido de escolas, nomeadamente da de Vale de Janelas, que neste momento está desativada. Ali podem ser encontrados desde os livros escolares a mapas, passando pelos instrumentos de medição e até secretárias, desde a década de 1910.
À entrada foi criado um espaço com memórias fotográficas, para o qual contribuiu toda a comunidade, assim como uma fonoteca, com um giradiscos e cerca de três mil discos de vinil, que foram oferecidos. É ainda objetivo a existência de uma exposição em permanência, com a temática dos moinhos.
O projeto para a criação da biblioteca arrancou há mais de sete anos e foi dinamizado inicialmente no Centro Social da Amoreira e depois pela Junta de Freguesia. ■

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