Andar de barco no lago do Parque continua a ser uma actividade divertida e muito procurada

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Lago do Parque

O mês de Agosto já chegou ao fim, mas o calor continua a apertar e todos procuram uma maneira de apanhar algum fresquinho. Há quem vá para a praia, para a piscina, ou ainda para o interior refrescado pelo ar condicionado do centro comercial. Porém, outros lembram-se que existe o Parque D. Carlos I, repleto de sombras, com um lago no seu centro onde é possível andar de barco.
Numa tarde soalheira podemos encontrar desde jovens a mais velhos a passearem pelo parque. Idosos sentados languidamente à sombra conversando, grupos de adolescentes que comem gelados e famílias cujas crianças correm atrás dos pombos, fazendo-os levantar voo às dezenas. Os caldenses passam pelos barcos sem surpresa, por já terem andando ou por não sentirem curiosidade. Mas o mesmo não acontece com os visitantes, muitos dos quais não resistem a dar uma volta no lago.
Álvaro Silva trabalha já há dez anos com os barcos, dando as informações aos locais e aos turistas de que não custa mais do que três euros por meia hora. “Para uma família de três ou quatro pessoas fica muito em conta” comenta. “Ou mesmo grupos grandes, já que os barcos levam até cinco pessoas”. Mas esta não é uma actividade só de Verão pois os barcos podem ser alugados a partir do dia 25 de Abril e ficam disponíveis até dia 1 de Novembro. “Há certos anos em que é até mais cedo porque começa a chover e a ficar frio e não vale a pena termos aqui os barcos” acrescenta Álvaro Silva.

Mas nos dias de Verão ninguém se parece lembrar da chuva e do frio, e grupos de pessoas trepam para os barcos, desde jovens casais de namorados até ruidosos grupos familiares.
Miguel Castro, Afonso Costa, Margarida Oliveira, Maria Marchenko e Margarida Paula são um grupo de amigos caldenses que admitem vir andar de barco quase todos os dias no parque. “Gostamos de conviver, de nos divertir e tirar fotos” admite o grupo de rapazes e raparigas entre os 12 e os 13 anos. “É uma boa maneira de passarmos um dia de Verão.”
Já João Firmino traz pela mão o seu filho de quatro anos, Diogo, e admite que foi o rapazito que quis ir andar de barco. “Ele já tinha andado e decidi vir fazer-lhe a vontade. Foi mesmo só porque calhou”. Mal alugam o barco, Diogo quer entrar e lá deixa que o pai o leve ao colo para dentro da embarcação. O miúdo, excitado, faz questão em pegar nos remos, mas o pai acaba por convencê-lo a que seja o adulto a remar e lá se afastam em direcção ao meio do lago.
Mais barcos se afastam e aproximam do cais, dando largas à penosa manobra de atracar – o barco indo para a direita quando é suposto ir para a esquerda e os choques com a estátua ali mesmo ao pé. E por vezes as embarcações são tão mal pilotadas por navegadores inexperientes que parecem ganhar vida própria e vão parar no exacto lugar onde, na margem, outras pessoas alimentam os patos e os pombos.
André Coelho e Cátia Lopes vieram de Alcobaça para passear pelas Caldas e ficaram curiosos quando viram os barcos. Por isso, decidiram experimentar. Depois de várias voltas, admitiram que acharam o parque muito bonito e André sublinhou a diferença entre navegar com estes barcos e a descida de rápidos nos rios, um desporto radical que já praticou. “Isto aqui é muito mais calmo”, diz.
Mais barcos vão e vêm, ora com famílias, grupos de amigos ou casais aproveitando o calor dos últimos dias do Verão. Mas não são os únicos que usufruem daquele dia no parque, onde facilmente se encontram bancos estrategicamente disposto na sombra e pombos e patos prontos a aceitar todo o pão e milho que lhes oferecerem.
Por vezes são estrangeiros que invadem o lago e ouve-se falar francês, espanhol, inglês. Há cem anos, quando as Caldas da Rainha era destino cosmopolita e a aristocracia nela veraneava, também já se andava de barco no Parque. Pelos vistos, uma actividade divertida, propícia para os dias de Verão, e que está longe de vir a desaparecer.

Marina Araújo

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