A bióloga caldense Ana Sofia Reboleira fez mais uma importante descoberta científica. Desta vez descobriu uma nova espécie de escaravelho, com cerca de 6mm, despigmentado, sem asas e de olhos muito reduzidos, encontrada na gruta Krubera-Vorónia, localizada na Abecássia, uma área remota perto do Mar Negro, nas montanhas do Cáucaso Ocidental.
O nome científico atribuído a esta nova espécie, Duvalius abyssimus, deve-se exactamente ao facto de esta gruta ser considerada o maior abismo da terra. A origem etimológica da nova espécie provém da palavra latina abismo.
O insecto vive em total escuridão, o que fez com que este “apresente um alargamento das antenas para compensar a falta de visão”, explicou a bióloga à Gazeta das Caldas.
A gruta Krubera-Vorónia, fica localizada a cerca de 2300 metros de atitude, no vale glaciar de Ortobalagan, numa distância em linha recta de cerca de 15 quilómetros do Mar Negro.
“A temperatura da cavidade é inferior a 5º C, exige uma permanência de vários dias no interior da Terra e todo o equipamento é transportado pelos expedicionários ao longo dos seus mais de dois quilómetros de profundidade”, contou Sofia Reboleira. Para atingir a profundidade máxima da cavidade, é necessário montar uma expedição e acampamento nas montanhas, bem como vários acampamentos subterrâneos, onde cerca de 30 espeleólogos trabalham durante um mês.
Ana Sofia Reboleira foi convidada pelos membros do Cavex Team – International Cave Exploration Team, para participar na expedição estival de 2010 e coordenar os trabalhos bioespeleológicos na cavidade, em conjunto com Alberto Sendra (do Museu Valenciano de História Natural), que colaborou na parte biológica da prospecção.
A descoberta foi descrita pela cientista portuguesa e por Vicente M. Ortuño (da Universidade de Alcalá, Espanha) num artigo publicado na revista científica Zootaxa.
“A descoberta de uma espécie e a sua descrição, ou seja a atribuição de um nome científico, são situações distintas, porque uma espécie pode ser descoberta, mas se não for descrita continua a não existir para a ciência”, explicou a bióloga. Actualmente Ana Sofia Reboleira tem 19 novas espécies descritas e quatro novos géneros, a grande maioria em grutas de Portugal continental.
A caldense está a fazer um pós-doutoramento na Universidade de Aveiro e Universidade de La Laguna (Espanha) “que incide no estudo das comunidades biológicas subterrâneas, sobretudo nas aquáticas e a sua implicação na conservação e qualidade dos reservatórios subterrâneos de água doce”. Participa também em alguns projectos de investigação noutras áreas.
Pedro Antunes
pantunes@gazetadascaldas.pt
































