Américo Barros – o septuagenário folião

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Américo Barros, de 77 anos, já se mascara há mais de uma semana e é assim que passeia pela cidade, desde o Bairro dos Arneiros à Praça da Fruta, passando pela estrada da Foz. Gazeta das Caldas encontrou-o na passada segunda-feira, de enxada às costas pela rua, mascarado de “agricultor de outros tempos”. Nos dias anteriores já se tinha mascarado de rei, e outras vezes, de andrajoso.
O septuagenário mascara-se durante vários dias porque considera que o Carnaval está a morrer, e lembra que antigamente, mesmo sem a existência de apoios, as pessoas viviam esta quadra com muito mais entusiasmo. “Tem que haver alguém, com um espírito brincalhão como o meu, que faça com que o Carnaval vá para a frente, com alegria”, conta, acrescentando que as Caldas chegou a ter o “melhor carnaval do distrito de Leiria”, lembrando os festejos da década de 70.
Américo Barros lembra que ainda jovem morava no Largo João de Deus, juntava-se com os seus amigos e, em grupo, percorriam a cidade mascarados. “Um mês antes do Carnaval já se encontravam muitos foliões nas ruas e agora não se vê ninguém”, lamenta.
Em casa tem mais de 20 trajes que, por vezes, empresta a amigos. Entretanto, vai comprando todas as cabeleiras diferentes que encontra no mercado. O seu disfarce preferido é o de leproso, com que participa no Mercado Medieval de Óbidos, mas que não veste nesta altura, pois trata-se de outra produção, mais cénica e adequada ao evento.
Na cidade ninguém lhe fica indiferente. “Sou como um palhaço no circo, chora para fazer rir os outros”, diz o septuagenário, que anda sempre sozinho pois não arranja companheiros com o mesmo espírito de folia para o acompanharem. “Eu penso nisto durante dia e noite, de maneira a que resulte o melhor possível para agradar as pessoas”, conta à Gazeta das Caldas, contente com as reacções que provoca.
Américo Barros vai continuar a andar mascarado pelas ruas e também participará nos corsos, que se irão realizar no sábado à noite e no domingo à tarde.
O agora reformado foi motorista do Centro Hospitalar e já nessa altura participava em peças de teatro e também chegou a cantar ópera. “Gosto de participar em tudo o que seja manifestação artística”, concluiu.

Fátima Ferreira
fferreira@gazetadascaldas.pt

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