“Almaraz e outras coisas más”, livro coordenado por António Eloy, é uma obra que reúne os testemunhos de várias personalidades que estiveram (ou ainda estão) ligados à luta anti-nuclear em Portugal. Há testemunhos antigos, dos que lutaram contra a instalação da central nuclear em Ferrel até outros mais recentes, das acções contra o prolongamento da vida da central de Almaraz (Espanha). Nas Caldas, o coordenador do livro e o director da Gazeta das Caldas, António Eloy e José Luís Almeida Silva (que também assina um dos textos desta colectânea), deram a conhecer este novo livro.
A apresentação foi feita pelo coordenador, que após ter contextualizado esta obra, deu a conhecer que a luta pelas energias limpas e pela sutentabilidade do planeta “é para continuar”.
António Eloy disse que hoje em Ferrel, em vez da energia nuclear prevista há 40 anos, há o aproveitamento da força das ondas. Para o especialista em questões ambientais “é dificil compreender como é que Portugal tem menos placas para aproveitamento da energia solar do que a Alemanha”.
Esta obra foi inicialmente apresentada na sexta-feira, 7 de Dezembro, na Fábrica Braço de Prata perante meia centena de pessoas que encheu uma das salas da livraria daquele novo centro cultural lisboeta.
A apresentação da obra esteve a cargo de Nuno Nabais, o filósofo que é o gestor daquele espaço, que é habitado por mais de mil pessoas entre artistas, músicos, escritores, designers cozinheiros e público em geral que dão uma nova vida e dinâmica à Fábrica que antes era de armamento e que agora se dedica à cultura nas suas mais variadas vertentes.
Na opinião de Nuno Nabais, este livro “é um arquivo vivo de um conjunto de histórias, de batalhas, de lutas e de resistências” de um grupo de personalidades “que têm percursos singulares”. Ou seja, é um manual de militância política para o século XXI, já que mostra “que é possível os cidadãos defenderem causas”. Na sua opinião, este livro devia ser obrigatório para todos os que se querem dedicar à cidadania activa.
José Luis Almeida Silva recordou o que se passou nas lutas contra o nuclear em Ferrel lembrando que há 40 anos se vivia sem internet nem telemóveis. “Sem facilidades de comunicação parece impossivel justificar o que aconteceu então”, afirmou o orador, explicando que com a informação que chegava do estrangeiro, mostrava que os custos de contexto e a longo prazo seriam muito elevados no caso da instalação de uma central nuclear nesta região. O autor contou várias histórias relacionadas com a luta anti-nuclear como, por exemplo, o facto de ter informado o Governo Civil de então de que iria realizar-se uma manifestação em Ferrel contra a construção da central e de não ter obtido qualquer resposta. No entanto, quando chegou a Ferrel, o local estava rodeado de elementos da GNR.O orador referiu que afinal os agentes até foram simpáticos e ajudaram a serenar os ânimos de jovens mais impetuosos que pretendiam destruir uns equipamentos de meteorologias colocados no local.
José Luís Almeida Silva afirmou que não foram as manifestações que impediram as construção da central nuclear, dado que houve outras razões cientificas que levaram à decisão de não avançar com a obra. “Além de uma falha sísmica, chegou-se à conclusão de que o país não tinha necessidade de uma central nuclear”, afirmou.
António Eloy referiu que há muito trabalho para fazer na defesa das energias renováveis – eólicas, do fotovoltaico e da geotermia – e pelo dimensionamento das barragens.
“Almaraz e outras coisas más” é um manual sobre miltância política para o século XXI
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