
Alexandrina Santos é de Torres Vedras. Filha de agricultores, foram os camiões que a fascinaram em menina. O primeiro trabalho que teve foi com os pais na agricultura e o primeiro emprego num armazém de fruta, a carregar… camiões.
Um dia a oportunidade de fazer o que sonhava surgiu. Já tinha a carta de pesados e o motorista da empresa faltou. Ia conduzir o camião carregado até ao Porto. Saiu “super nervosa”, conta, mas a viagem correu bem e não mais largou o volante.
Ficou mais dois anos a fazer a ponte entre o Oeste e o mercado do Porto. Depois a empresa fechou e sentiu, pela primeira vez, as dificuldades de ser uma mulher num mundo de homens. Só em Espanha encontrou mentalidade aberta para acolher uma mulher camionista. Começou a fazer transporte internacional, sozinha.
Porém, o fantasma da discriminação de género voltou pela mão de um chefe português. “O lugar da mulher é em casa”, entre outros clichés machistas, tiraram-na do activo e atiram-na para uma depressão.
Mas superou mais esse desafio e conduz hoje na empresa caldense Transwhite, onde continua a fazer transporte internacional, sozinha.
O mais difícil de ser camionista é estar tanto tempo longe de casa, o que terá contribuído para não ter ainda constituído família, algo que lamenta. Mas não hesita em dizer que tem orgulho do trabalho e na pessoa em que se tornou.
Alexandrina Santos, que um dia levou no seu camião o Presidente Marcelo de Condeixa a Albergaria, sofreu na pele a discriminação de género e, por isso, acredita que faz todo o sentido que se continue a assinalar o Dia da Mulher. “Não é o sexo que define, mas sim o talento. Todos temos os mesmos direitos e uma função importante na sociedade”, afirma.






























