
A autarquia alcobacense quer que o Hospital Bernardino Lopes de Oliveira, de Alcobaça, passe a estar ligado ao Hospital de Santo André, em Leiria, abandonando o Centro Hospitalar Oeste Norte (CHON). Na proposta, já abordada junto da Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo (ARSLVT), é pedida excepção para as populações das freguesias de Alfeizerão, Benedita e São Martinho, que por questões de proximidade devem continuar a ser encaminhadas para a unidade caldense.
A proposta foi feita pelo presidente da Câmara de Alcobaça, Paulo Inácio, na passada sexta-feira, dia 24 de Fevereiro, e surge no contexto da reorganização da rede hospitalar da região que está em curso, bem como do entendimento de que Alcobaça em nada beneficiou com a integração no CHON.
Logo nesse dia obteve a unanimidade por parte dos vereadores eleitos na autarquia, que reuniram extraordinariamente, bem como dos deputados da Assembleia Municipal, que decorreu à noite.
Na deliberação reclama-se a manutenção do hospital de Alcobaça “com todas as suas valências actuais, reivindicando uma melhoria no serviço de saúde”. Pede-se ainda que “as respostas que não possam ser dadas no Hospital Bernardino Lopes de Oliveira sejam reportadas a Leira”, com a referida excepção para as freguesias mais a sul do concelho.

Em conferência de imprensa, Paulo Inácio defendeu que esta proposta é “responsável” e “exequível”, tendo em conta “as impossibilidades e constrangimentos financeiros” que o país atravessa. E garante ter tido “receptividade por parte da ARSLVT”, que ainda terá que decidir formalmente quanto ao futuro dos hospitais da região.
O autarca salientou que nos últimos anos “Alcobaça tem sido muito mal servida em tratamentos de saúde, e há um momento em que temos que dizer basta”, pelo que esta é “a melhor maneira de defender os interesses intransigentes dos cidadãos do concelho”.
Lembrando que nunca acreditou no Centro Hospitalar Oeste Norte, sobretudo numa administração única para os três hospitais em causa, o autarca lamenta que o tempo lhe tenha dado razão, o que diz poder comprovar-se no passivo acumulado superior a 50 milhões de euros e na degradação dos serviços prestados.
“O Hospital de Alcobaça é centenário e tem quase cem anos de sucesso e os últimos anos foram de um insucesso enorme”, aponta, acrescentando que “há muito tempo que o município de Alcobaça anda a fazer reivindicações que não são ouvidas”.
Por isso, há que retomar as ligações com Leiria, que outrora correram bem, seguindo, aliás, os mesmos passos do hospital de Pombal ao Hospital de Santo André (Leiria), onde tudo parece estar a correr bem.
“Estamos de alma e coração no Oeste”
A ligação com o Oeste em termos de saúde não deverá ser, no entanto, totalmente cortada. Além da excepção pedida para as freguesias de Alfeizerão, Benedita e S. Martinho do Porto, os cuidados de saúde primários do concelho (centros de saúde e unidades de saúde familiar) devem manter-se integrados no Agrupamento de Centros de Saúde Oeste Norte.
Uma opção que Paulo Inácio justifica “dado o vínculo estratégico assumido com o Oeste, o know how existente e os investimentos que estão a acontecer, nomeadamente o centro de saúde do Vimeiro e de São Martinho do Porto e a Unidade de Saúde Familiar da Benedita”.
O autarca alcobacense salienta ainda que este corte com o Oeste diz apenas respeito aos cuidados hospitalares, até porque “Alcobaça está umbilicalmente ligada ao Oeste. Foi uma posição tomada no passado, no presente e acho que faz sentido no futuro”. Além desta ligação, há “questões estratégicas assumidas e questões estratégicas não se mudam todos os dias. São para ser reafirmadas e estamos de alma e coração no Oeste”.
Unanimidade dá força a reivindicações
A proposta de Paulo Inácio alcançou uma unanimidade rara entre todos os partidos com assento na Câmara e na Assembleia Municipal. No plenário, realizado na noite de 24 de Fevereiro, e perante uma sala cheia, BE, CDS-PP, CDU, PS e PSD uniram vozes na defesa de cuidados hospitalares de qualidade no concelho e foram unânimes em considerar que, neste campo, Alcobaça perdeu muito com a integração no CHON.
Os partidos levavam mesmo algumas moções preparadas para a sessão, mas nem chegaram a apresentá-las. Ainda assim, os deputados municipais defendem que esta deliberação é muito pouco para a luta pela saúde das populações. Apelaram, por isso, à mobilização da população numa luta que querem ganhar e à criação de uma comissão de utentes do hospital local.
A assistir à sessão estavam alguns profissionais da unidade hospitalar, mas nenhum deles quis usar da palavra quando foram abertas as intervenções do público.
Proposta vai ao encontro do que é defendido pela Nazaré
O pedido agora feito por Alcobaça encontra ligações com as reivindicações já feitas pelo concelho da Nazaré. No passado mês de Novembro o executivo camarário e a Assembleia Municipal solicitaram ao Ministério da Saúde que as urgências do concelho fossem direccionadas para o Hospital de Leiria.
A solicitação foi feita depois de ter sido criada a Comissão para a Reavaliação da Rede Nacional de Emergência e Urgência, cujo trabalho passava pela avaliação dos serviços de urgência. E agora que a organização dos hospitais está em discussão, a posição da autarquia mantém-se.
Na moção enviada aponta-se ainda que “a Viatura Médica Emergência / Emergência está localizada nas Caldas da Rainha, a uma distância de 37 Km, cobrindo a área geográfica abrangida pelo CHON, com todas as inerências restritivas que daí advêm, e que o concelho [da Nazaré] não está dotado de nenhum ponto da referida rede”.
Joana Fialho
jfialho@gazetadascaldas.pt































Concordo plenamente com o sr. Presidente de Câmara
de Alcobaça, que S. Martinho do Porto, fique ligado em termos de saúde, ao hóspital das Caldas da Rainha, devido ao facto da sua apróximidade.
Alcobaça beneficiou e muito com a integração no CHON: ficou com o Bloco Operatório muito bem apetrechado com o optimo e moderno espólio do Bloco operatório de Hospital de Peniche. Tratem de agradecer o facto de Peniche ter um elenco camarário que foi bem enganado pelos Conselhos de Administração do CHON