Centenas de pessoas estiveram presentes no último adeus a Miguel Guerra, o único autarca socialista a presidir à Câmara de Alcobaça e primeiro presidente daquela autarquia eleito após o 25 de Abril.
Miguel Martinho Ferreira Guerra morreu aos 76 anos na madrugada de domingo, dia 9 de Dezembro, na sua casa, na Benedita. As cerimónias fúnebres realizaram-se no dia seguinte e na Igreja Paroquial da Benedita, praticamente cheia, compareceram muitos autarcas locais e protagonistas da vida política alcobacense nas últimas décadas, antigos companheiros e adversários políticos dos socialistas.
Natural da Benedita, Miguel Guerra tinha na agricultura a sua principal ocupação. Foi eleito presidente da Câmara de Alcobaça pela primeira vez em 1976, mantendo-se no cargo até 1979, altura em que a Aliança Democrática vence as eleições autárquicas. O socialista regressa à Câmara de Alcobaça em 1986, presidindo à autarquia até 1997, quando perde as eleições para o social-democrata Gonçalves Sapinho.
Os seus mandatos ficaram marcados pela elevação de Alcobaça a cidade, pelas inaugurações de diversos Centros de Saúde, pelo arranque de diversas sedes de juntas de Freguesia, entre outras obras. Foi também durante a liderança socialista que foi criado o Cistermúsica – festival de Música de Alcobaça, que ainda hoje se realiza.
José Canha, actual presidente da concelhia de Alcobaça do PS, foi presidente da Assembleia Municipal de Alcobaça no último mandato de Miguel Guerra e garante que sempre que há alguma iniciativa do partido o antigo autarca é recordado. “Todos os socialistas sentem profundamente a perda de um amigo e daquele que foi um referencial socialista”, diz.
“A morte do Miguel é uma mágoa para todos nós. Enquanto presidente da Câmara, quando às vezes não havia uma solução, havia sempre uma palavra de justificação, o que hoje não acontece”, acrescenta. Por isso, “a morte do Miguel é uma grande perda não só para os socialistas, mas para todos os alcobacenses”.
Já o presidente da Câmara de Alcobaça, Paulo Inácio, recorda “um homem acarinhado e que ainda hoje é muito reconhecido no concelho e por quem os munícipes têm muita estima”. Paulo Inácio diz que Miguel Guerra “foi um presidente da Câmara que deixou a sua marca humanista”, bem como “uma personalidade histórica no concelho na sua época, sempre com uma convicção humanista muito vincada”.
A vertente humana do antigo autarca é também salientada por Fernando Costa, presidente da Câmara das Caldas da Rainha. Recordando os tempos em que ambos eram presidentes de Câmara, Fernando Costa fala de Miguel Guerra como “um homem sempre afável, bem-disposto e conciliador. Um homem que tinha uma visão muito despartidarizada dos problemas do seu concelho”.
O autarca das Caldas diz ainda que o socialista beneditense era “um homem bom e um daqueles políticos que metia sempre as pessoas à frente das questões políticas, sempre com uma visão de construção e conciliação”.
Miguel Guerra era irmão do cónego José Guerra, que foi pároco das Caldas da Rainha, também já falecido.
Joana Fialho
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