Agências de viagem têm o seu maior trunfo no atendimento personalizado

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O evento foi organizado pelo curso de Turismo da Escola Técnica Empresarial do Oeste

A internet tornou-se a maior concorrente das agências de viagem. Para a combater “temos que saber atender rapidamente o cliente, saber o que precisa e o que temos para lhe propor”, ensinou a técnica de turismo Maria José Alves, responsável da Top Atlântico nas Caldas da Rainha,  aos alunos da Escola Técnica Empresarial do Oeste (ETEO).
O turismo é um “negócio de pessoas e a net ainda está distante”, disse a convidada do colóquio “Turismo Agora!”, que decorreu no dia 3 de Maio naquela escola.
Ligada a este sector há mais de 30 anos, Maria José Alves falou para uma plateia cheia de alunos de forma informal e entusiástica. “É uma profissão em que se trabalha muito e é exigente, mas que nos dá uma grande compensação, o poder viajar e o contacto com as pessoas”, referiu, destacando que tem ainda a benesse de trabalhar com “o sonho das pessoas”.
A responsável destacou que a segurança e o atendimento personalizado  definem a agência de viagem, enquanto que uma viagem comprada pela internet depois não tem esse apoio.
Maria José Alves deu mesmo o exemplo de um caso que se passou na sua agência, e que mostra a importância do acompanhamento personalizado. Um cliente estava no Iémen (Península da Arábia) e quando rebentou um conflito, rapidamente esta agência fez reservas nas companhias aéreas para o tirar de lá, juntamente com um amigo americano, que tinha feito a reserva pela internet. “O senhor ficou de tal maneira agradecido que se deslocou dos Estados Unidos às Caldas  para nos agradecer, dizendo que na América isso não seria possível”, contou a responsável, deixando o conselho aos jovens para ter sempre cuidado com os seus clientes.

A técnica de Turismo Maria José Alves destacou que esta é uma profissão que trabalha com o “sonho das pessoas”

Já os pacotes de experiências, como é o caso de “A vida é Bela”, considera-os mais um produto no mercado, mas muito específico, que não lhes faz concorrência.
Também presente neste encontro, o presidente do Turismo do Oeste, António Carneiro, lembrou que este é o único sector de actividade económica onde o consumidor está junto do produtor.
O responsável lembrou que as férias da Páscoa deixaram “um amargo de boca” no sector hoteleiro da região, devido à fraca comparência de turistas, sobretudo espanhóis. “Vemos 2012 como uma incógnita muito grande”, disse António Carneiro, destacando que a crise na Europa prejudica muito este sector. “As outras economias que estão bem, como é o caso da China ou da Índia, não têm voos para Portugal”, concretizou.

“Caldas não é uma cidade termal. Tem um hospital termal”

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António Carneiro voltou a mostrar a sua preocupação com a vontade do governo em reorganizar as entidades de turismo, sem que haja um diálogo com os responsáveis das regiões.
Apesar de concordar com a secretária de Estado do Turismo, Cecília Meireles, quando defende mais competências para as regiões de turismo, para que possam ser um “braço armado” do governo no terreno, o responsável está contra a proposta de criação de apenas cinco regiões, juntando o Oeste à área metropolitana de Lisboa. Contrapõe com a criação de mais duas regiões, deixando assim de fora  as áreas metropolitanas de Lisboa e Porto. O Oeste, defende António Carneiro, deverá ficar junto ao Médio Tejo e Lezíria, reunindo 32 municípios.
Referindo-se ao termalismo, o presidente do Turismo do Oeste, disse que finalmente as pessoas estão a perceber que as Caldas “não é uma cidade termal, tem um hospital termal!” A cidade sempre olhou demasiado para o seu hospital como um património de que se orgulha, e com razão para isso, mas não percebendo que o mundo mudou, disse. “A rainha D. Leonor e o rei D Carlos já não vêm para cá e para se conquistar os turistas do século XXI têm que se dar condições”, defendeu António Carneiro, distinguindo que existem turistas e aquistas, sendo que estes últimos que continuam a vir “e são muito bem tratados”, vão-se embora após o tratamento.
O responsável defendeu que as Caldas tem a vantagem de estar próxima de Lisboa e ter boas acessibilidades para Espanha, pelo que “falta dar a volta em termos hoteleiros”. Tendo em conta esta situação, já encetou contactos com um grupo suíço, que comprou as termas de Monfortinho e do Vimeiro, para saber do interesse em instalar-se nas Caldas.
“Mas é preciso que primeiro se defina um modelo para o relançamento do termalismo”, concluiu.
O colóquio, organizado por alunos do curso de Turismo, contou ainda com um painel sobre turismo rural e recursos naturais.

Fátima Ferreira
fferreira@gazetadascaldas.pt

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