Administração Regional de Saúde diz que não há razão para alarmismo social

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“Dar melhor qualidade de saúde e tornar as instituições financeiramente sustentáveis”. São estes os objectivos que motivam a reorganização dos hospitais do Oeste em curso. Metas apontadas na passada semana pelo presidente da Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo (ARSLVT), Luís Cunha Ribeiro, à margem do lançamento da primeira pedra do centro de saúde do Vimeiro, em Alcobaça.
O processo que está actualmente a ser debatido com os autarcas da região, e no qual se prevê a fusão do Centro Hospitalar Oeste Norte com o Centro Hospitalar de Torres Vedras, tem deixado preocupadas as força políticas locais e as populações, que temem sobretudo a perda de valências e o ter de percorrer diversos quilómetros para terem acesso aos cuidados hospitalares noutra cidade. Mas o responsável pelos serviços de saúde na região garante que “não há razão para qualquer alarmismo social”.
“Nós não fazemos modificações para prejudicar as pessoas, nós fazemos alterações para garantir que os equipamentos vão funcionar”, afiança Luís Cunha Ribeiro. Mas há que fazer alguma coisa quanto aos défices apresentados pelos serviços em causa que, juntando o CHON e os hospitais de Torres Vedras, ascendem a 80 milhões de euros. “Quando queremos assegurar a sustentabilidade é no interesse legítimo das pessoas. Temos que assegurar que um doente vai ao hospital e é bem tratado, tem o tratamento e a medicação de que necessita. Mas isso não cai do céu, temos que ter dinheiro para o pagar”.Dando o exemplo de uma família falida que a meio do mês já não tem dinheiro e se vê obrigada a adiar as compras, por mais essenciais que sejam, o responsável lança uma pergunta: “Será que podemos ter isto nos hospitais? Chegar a meio do mês e dizer aos doentes para voltarem no mês seguinte, porque não temos dinheiro?”. E a resposta só pode ser não.
“As pessoas têm o direito de serem tratadas, e para isso temos que ter a casa bem governada. E o que estamos a fazer neste momento é governar bem a casa para garantir que as pessoas, até ao fim do mês, vão ter os medicamentos, os tratamentos e as operações necessárias”, acrescenta.
Luís Cunha Ribeiro diz que o objectivo não é que os hospitais dêem lucro. “Mas não podemos dar prejuízo”, sob pena de ter que aumentar os impostos para sustentar o Serviço Nacional de Saúde. Uma hipótese que este responsável afasta por completo, porque “Portugal já tem uma carga de impostos que está no limite do que os portugueses podem pagar”.

“NUNCA FOI UM OBJECTIVO O ENCERRAMENTO DO HOSPITAL DE ALCOBAÇA”

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É neste contexto que se torna crucial uma restruturação dos serviços de saúde. “Reestruturar é verificar qual é o conjunto de actividades que determinado equipamento de saúde deve ter para servir a população e ser sustentável financeiramente”.
Reiterando, por diversas vezes, que ainda nada está decidido, Luís Cunha Ribeiro recusa falar em certezas, até porque “um trabalho sério implica que tenhamos em cima da secretária várias hipóteses de trabalho e não faz sentido nenhum divulgar hipóteses de trabalho”. Ainda assim, admite que a junção do Centro Hospitalar Oeste Norte e a manutenção do centro de decisão nas Caldas da Rainha são, dentro dos vários cenários em análise, “os mais prováveis”. Garante ainda que “nunca foi um objectivo o encerramento do Hospital de Alcobaça”.
Por enquanto, decorrem as reuniões com os autarcas da região, que esperavam ser recebidos esta semana pelo secretário de Estado da Saúde. “Não é numa secretária de Lisboa que se desenha o perfil de saúde de toda uma região. Tem que se falar com as pessoas, tem que se conhecer as realidades. E quem melhor que os autarcas para junto de nós discutir isso?”, pergunta o responsável.
O processo deverá estar concluído nas próximas semanas. “O país está numa fase que não se compagina com atrasos. Nós estamos a trabalhar para ontem, o país assim o exige”. Salientando, mais uma vez, que o processo ainda está a meio, alerta que as propostas que têm sido divulgadas pela comunicação social são apenas alguns dos cenários em análise. “Só quando chegarmos ao fim é que podemos saber o que vai acontecer. Há quem se ponha a adivinhar, mas eu, que estou a dar as cartas neste jogo, posso garantir que ainda não sei”.

Joana Fialho
jfialho@gazetadascaldas.pt

Mais de 11 mil já assinaram petição

A petição pública “Juntos pelo nosso hospital” lançada após do debate de 15 de Fevereiro no CCC, já contava, na passada terça-feira, com 9000 assinaturas em papel e 2305 em formato digital.
O documento, dirigido à presidente da Assembleia da República, pede a manutenção da Urgência Médico-cirúrgica nas Caldas da Rainha e das valências existentes, nomeadamente as necessárias ao seu funcionamento. Os subscritores reclamam também  a manutenção das valências que se articulam com a actividade termal, mormente a Reumatologia, a Medicina Física e de Reabilitação e a Otorrinolaringologia, assim como a manutenção do Conselho de Administração do Centro Hospitalar do Oeste nas instalações das Caldas da Rainha.
Já foi solicitada uma audiência à presidente da Assembleia da República para entregar a petição, mas enquanto não existe uma resposta, os cidadãos poderão continuar a assiná-la.

José Machado também defende Hospital das Caldas
Em Óbidos o vereador socialista, José Machado, considera que há um “sério risco da população do concelho de Óbidos passar a estar mais longe de serviços de saúde”. O autarca, que abordou a questão na sessão de Câmara de 8 de Fevereiro, disse que no Centro Hospital Oeste Norte (CHON) já estará decidida a não renovação de dezenas de contratos de trabalho, designadamente de pessoal ligado directamente aos cuidados de saúde.
José Machado defende que na melhoria da gestão da saúde devem ser tidos em conta, não só as despesas do Estado como também as dos cidadãos e que são necessárias medidas que melhorem a gestão do Serviço Nacional de Saúde, mas que seria “grave” para a população de Óbidos e do Oeste Norte que o hospital das Caldas da Rainha perca algumas das suas especialidades.
O vereador socialista diz mesmo que a diferença entre ter um hospital a alguns minutos de distância, como é o caso da população do concelho de Óbidos face ao CHON, em Caldas da Rainha, ou a ida para Torres Vedras, “pode fazer a diferença entre a vida e a morte”. No seu entender, este hospital presta um bom serviço à população, pelo que apelou à Câmara para se unirem na defesa da manutenção das especialidades basilares do hospital caldense, que se encontra a alguns minutos do concelho de Óbidos.
José Machado lembra ainda que o actual Governo prepara-se também para retirar serviços de passageiros na linha do Oeste e encerrar o Turismo do Oeste, cuja sede é em Óbidos há dezenas de anos.

F.F.

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1 COMENTÁRIO

  1. Na realidade Peniche não existe. Não percebo porque é que Peniche é obrigado a drenar para Caldas da Rainha e não para Torres Vedras, assim como assim ficaria a meio caminho de Lisboa