
Havia 4L para todos os gostos. O mais comum familiar, mas também carrinhas, versões mais antigas, outras mais recentes, umas restauradas segundo o original, outras com algumas alterações (nem que fosse na pintura), mas também descapotáveis, viaturas de empresas, táxis, etc.
Ao todo foram 53 as 4L que estiveram nas Caldas, sendo que nenhuma veio à boleia de reboque todas vieram pelos seus próprios meios.
Estamos muito contentes, temos 53 carros, cerca de 130 pessoas que vieram de norte a sul do país e estão a demonstrar satisfação, que é o que nos motiva a organizar estes encontros, disse Carlos Dimas, dirigente do 4 Clube de Portugal e organizador do evento deste ano.
Foram realizadas visitas aos museus da Cerâmica e Barata Feyo no sábado, seguindo-se um périplo por caminhos da região, que culminaram com uma visita à Foz do Arelho.
Dentro dos nossos conhecimentos conseguimos organizar tudo, Caldas é uma cidade que está habituada e sabe receber bem e conseguimos organizar um bom evento para os nossos sócios, referiu Carlos Dimas, salientando a satisfação dos quatrelistas em relação a esta parte cultural do encontro. O único senão foi mesmo o tempo chuvoso no sábado, que impediu maior aproveitamento dos momentos ao ar livre.
No domingo a volta passou por Peniche e Óbidos, com uma visita à fábrica da Frutóbidos, onde se produz a afamada ginja.
O que pretendemos é divulgar a região e temos aqui pessoas que nunca aqui tinham estado e estão radiantes, salientou Carlos Dimas.
Joaquim Vicente, presidente do 4 Clube de Portugal, explica que ser quatrelista é um gosto e tem muito de carolice. Não é fácil fazer um percurso tão longo, como de Tavira às Caldas, numa 4L, que fará médias entre 60 e 80 km/h e voltar no dia seguinte, mas é esse o espírito das 4L.
O presidente do clube explicou que estes encontros têm muito de convívio. Ser membro do clube obriga a ter uma 4L registada em nome próprio, depois há sempre uma vertente cultural e outra gastronómica. E acredita que as Caldas, e a região Oeste, é apetecível para estes encontros por tudo o que tem para oferecer a quem visita.
Do longe se faz perto
Gazeta das Caldas falou com dois dos quatrelistas que mais quilómetros fizeram para estar presentes no encontro caldense. José Mota foi o que mais distância cobriu, não com a sua 4L, mas com a de um amigo, que decidiu acompanhar. Vieram de Tavira, de onde saíram por volta das 6h00 da madrugada. Cinco horas depois estavam nas Caldas, com cerca de 370 quilómetros cumpridos, com algumas pausas para homens e máquina descansarem.
“Valeu a pena”, garante. Como coordenador do núcleo sul do 4 Clube, diz que tentou trazer mais sócios, o que não foi possível por ser um encontro de dois dias e muitos trabalharem ao sábado.
Para José Mota, a paixão por estes peculiares automóveis, que já pertencem à divisão dos clássicos, começou ainda em Angola, onde nasceu. Teve a sua primeira 4L ainda no então Ultramar, em 1973, e quando chegou a Portugal deu seguimento à paixão. Já teve 28 destes carros, conta. Compra-os para os restaurar e depois vende-os. Neste momento tem nove.
Não usa a 4L como carro do dia-a-dia, mas não deixa de a conduzir sempre que pode. São carros que toda a gente gosta, lá no Algarve mesmo os estrangeiros ficam parados a olhar para eles, conta. Gosta destes convívios sobretudo pelo espírito de amizade. É bom e viciante, quando nos juntamos é uma festa, garante.
De Felgueiras, no Norte de Portugal, veio António Pimenta, que viajou cerca de 270 quilómetros para estar nas Caldas da Rainha.
Presidente da delegação do clube em Felgueiras, António Pimenta é um grande entusiasta do espírito quatrelista. Participo em todos os encontros. Além do gosto pelas 4L, é um convívio de amigos, e temos amigos em todo o país, e isso é o melhor que as 4L nos dão, descreve.
António Pimenta diz mesmo que é um pouco “doente” por estes automóveis. Possui cinco, três em circulação, dois em restauro. Uma paixão que, tal como a de José Mota, sempre o acompanhou. Teve contacto com estes automóveis muito novo.
Morava próximo de um empreiteiro cujos carros de trabalho e de passeio eram 4L. Como convivia com os filhos dele, saímos e dava-me gozo andar naqueles carros, conta.
A Renault 4L é um dos modelos mais vendidos do mundo. A marca francesa manteve-a em produção de 1961 a 1993 e foram matriculadas cerca de 8 milhões de unidades.
Joel Ribeiro
jribeiro@gazetadascaldas.pt






























