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Vítor Marques protagonizou uma candidatura autárquica que destronou quase quatro décadas do PSD
A obra e o criador do movimento Vamos Mudar confundem-se e, por “obra e graça”, foi o acontecimento inesperado e inspirador que o ano de 2021 trouxe aos caldenses, no meio do terrível fenómeno da covid-19 que foi, está a ser e irá ser por mais algum tempo (na melhor das hipóteses).
Se nos Estados Unidos da América, a covid-19 esteve diretamente ligado à queda do anterior líder, nas Caldas provavelmente a queda das lideranças quase semicentenárias pode-se dever a um certo enfarte de gente até certo ponto simpática nos últimos anos, mas que não passava disso. Não tinham o élan que Caldas urbana desejava e invejava, vendo as vizinhanças e outras paragens.
Vítor Marques, com a sua proverbial simpatia e atenção aos pormenores, inspirou esse movimento, mas provavelmente todos os caldenses querem mais do que mudar, querem mudar num sentido muito concreto de verem a cidade e o concelho protagonizarem novas realidades com mais e melhor emprego, com mais e melhor qualidade de vida, com mais e melhor atenção pelos seus problemas, com mais e melhor visibilidade a nível nacional e internacional.
Vítor Marques foi, assim, a imagem da pessoa que se impôs e provavelmente não teve tempo nem capacidade para fazer tudo, nem tem as capacidades milagreiras para incutir em todos os seus seguidores, aquilo que o distingue do trivial político local e corre sérios riscos, que muito daqueles a quem entregou missões, olhem mais para o seu ego do que para o trabalho comum em que se comprometeram.
Este é sempre o alfa & ómega dos líderes populares (sem estruturas sólidas por detrás) que podem ser engolidos pela vaga de fundo que eles próprios criaram, destruindo o efeito regenerador inicial.
Aproximam-se rapidamente os primeiros 100 dias de mandato e os caldenses procuram as marcas da nova administração municipal que se descortinam mal no horizonte. Provavelmente não poderia ser de outra maneira, porque a pegada anterior é profunda e poderosa, mas às vezes sinais genuínos e muito simples poderão fazer a diferença e suscitar um entusiasmo a que todos sejam sensíveis.
De qualquer forma o resultado eleitoral de 26 de setembro fará História nas Caldas da Rainha e merece ser assinalado como o acontecimento do ano de 2021. ■
