ACCCRO indignada por não ter sido ouvida pela Câmara no caso Mercadona

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O terreno onde será implementada a grandesuperfície da marca espanhola Mercadona tem causado polémica e a discordância de entidades e de partidos

Depois de Fernando Costa se ter revelado contra a localização do hipermercado da Mercadona, a ACCCRO também contestou a opção. Em comunicado, a associação lamenta não ter sido consultada

A Associação Empresarial das Caldas da Rainha e Oeste (ACCCRO) manifestou, em comunicado, a sua indignação pelo facto de a Câmara das Caldas ter aprovado a construção da grande superfície da cadeia espanhola Mercadona, prevista para a zona que fica entre o McDonald’s e a Avenida General Pedro Cardoso, onde se situa a OesteCIM, sem que tenha sido auscultada.
A posição da entidade liderada por Luís Gomes foi conhecida depois de, na última reunião do executivo, Fernando Costa, ter contestado a localização da nova superfície comercial. O antigo presidente da Câmara revelou desacordo pelo facto de o novo executivo ter tomado a decisão de aprovar o licenciamento desta construção, em janeiro passado, tendo apenas contado com um voto contra de Luís Patacho (PS).
“Reiteramos a nossa indignação por não termos sido incluídos no processo de decisão”, expressa a ACCCRO. A associação, “que não se posiciona contra o desenvolvimento económico e o aparecimento de novas empresas” na região, considera, todavia, que tem o dever de “proteger as empresas do setor comercial já existentes, sabendo que esta será uma outra grande superfície que irá competir com o comércio tradicional”.
No comunicado, a associação empresarial ainda alertou para os problemas de trânsito que a instalação daquela grande superfície poderá vir a trazer ao normal funcionamento naquela zona da cidade.

Partidos também estão contra
Os partidos políticos também discordam da localização prevista para a Mercadona.
Carlos Ubaldo, representante do BE das Caldas, diz que se a legalidade foi respeitada no processo de licenciamento da obra, “já não há nada a fazer tornando-se o caso “num não assunto”.
O bloquista aproveita, todavia, para lembrar que é preciso apostar numa mobilidade mais leve na cidade, algo que não será possível, pois se avançar a construção daquela unidade, antevê que haverá uma intensificação do tráfego automóvel. O candidato do BE à Câmara das Caldas nas últimas autárquicas lamenta que não se aposte na mobilidade suave e que não haja ciclovias naquela área.
Já para Vítor Fernandes, da Concelhia das Caldas do PCP, “há grandes superfícies mais do que suficientes” “Não precisamos de mais estruturas destas, pois elas colocam em causa o comércio tradicional”, frisa o comunista, acrescentando que a CDU sempre foi contra a instalação dos grandes grupos de distribuição na cidade, pois sempre “pugnou pela defesa do pequeno comércio”.
Já para Edmundo Carvalho, presidente da Concelhia das Caldas do Chega, a instalação de mais uma grande superfície “é veneno” para o comércio tradicional. O dirigente diz que já há superfícies comerciais que cheguem para os cerca de 30 mil habitantes das Caldas e que a localização, numa área central da cidade, com habitação nas imediações, não é a mais adequada para a instalação de mais uma grande superfície. O candidato do Chega nas últimas autárquicas antevê, inclusive, que o preço dos imóveis possa até desvalorizar, além da “diminuição da qualidade de vida de quem ali vive”.
Para João Forsado Gonçalves, líder do CDS-PP/Caldas, “qualquer nova grande superfície deve ser localizada em zonas limítrofes da cidade”. O centrista recorda que “a dimensão acrescida da atividade comercial traz problemas de desigualdades de mercado, numa ‘guerra’ dos horários, bem como filas de automóveis nos acessos, sobretudo aos fins de semana”.
O dirigente sublinha a desvalorização dos imóveis circundantes pelo excesso de pessoas e viaturas e a construção de edifícios de armazenamento. Recorrendo à ironia, João Forsado Gonçalves propõe não só a criação de uma rota do supermercados à semelhança das outras existentes na cidade, sugere um novo slogan: em vez de “Caldas da Rainha – cidade termal, que se utilize Caldas da Rainha, em cada rotunda uma superfície comercial”.

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