Abate de cães no canil municipal levantou polémica em Óbidos

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O canil municipal esteve encerrado 10 dias depois dos animais terem sido abatidos

O abate de seis cães no canil municipal (todos os que lá se encontravam na altura) por, de acordo com a Câmara de Óbidos, estarem infectados com parvovirose, continua a dar que falar, sobretudo nas redes sociais, e foi também abordado na Assembleia Municipal de 29 de Outubro. Na internet continua a circular uma petição, que conta com mais de 10 mil assinaturas, a pedir esclarecimentos e responsabilização pelo abate.
Os animais foram mortos no dia 15 de Outubro, depois de o funcionário que os ia alimentar e limpar o local se ter deparado com os “animais prostrados, com diarreias de sangue e com vómitos frequentes”, refere a autarquia em comunicado. O veterinário da autarquia diagnosticou parvovirose. “Foram feitas tentativas para salvar os animais através dos tratamentos adequados, no entanto, sem sucesso”, refere o documento, que acrescenta que dado o estado avançado da doença, foi tomada a decisão de aliviar o sofrimento dos animais através da eutanásia, seguindo assim normas sugeridas pela Direcção Geral de Alimentação e Veterinária.
O comunicado refere ainda que o canil esteve sem animais durante 15 dias – período de vazio sanitário – durante o qual foram feitas “sistemáticas desinfecções às instalações por forma a prevenir contágios futuros”. De acordo com a Câmara, a decisão foi tomada pelo veterinário municipal, “não tendo havido por parte dos membros do executivo municipal qualquer intervenção”.
A cidadã Helena Cunha, que conhece de perto o funcionamento deste canil municipal, foi à Assembleia Municipal de 29 de Outubro pedir esclarecimentos sobre o comunicado emitido pela autarquia e refutar algumas das informações ali expostas. Segundo o seu testemunho, os animais foram tratados e abatidos no próprio dia, quando os resultados das análises a esta doença demoram cinco dias a estar concluídos, pedindo de seguida o resultado das análises feitas e explicações sobre quem visiona os funcionários daquele serviço. Para além disso, “um surto de parvovirose não mata animais adultos”, como era o caso da maioria dos cães que se encontravam no canil municipal.
No que respeita ao período de vazio sanitário, que nestes casos é de 15 dias, Helena Cunha questionou o executivo porque é que o canil abriu passado 10 dias, ou seja, imediatamente a seguir ao assunto ser denunciados nas redes sociais.
Helena Cunha queixou-se ainda de ter sido bloqueada a sua participação no site da Câmara de Óbidos e os seus comentários terem sido apagados.
O vice-presidente da Câmara, Humberto Marques, só tomou conhecimento do assunto um dia antes de ter saído na comunicação social (25 de Outubro) e disse que na explicação técnica que lhe foi dada, o abate dos animais foi feito a 15 de Outubro, mas que o surto foi anterior a essa data.
O autarca prometeu ir averiguar a situação, nomeadamente se existe algum bloqueio à sua intervenção através da internet.
Também presente da reunião, Joel Alves, da Associação Rede Leonardo da Vinci – Protecção Animal, reconheceu que o canil de Óbidos tem todas as condições, mas questionou se tem um funcionário que trate diariamente dos animais. Humberto Marques explicou que “sempre houve funcionários no canil, pessoas diferentes a fazer rotação”.
O vereador José Machado (PS) diz compreender o “choque” da opinião publica e a indignação manifestada, sobretudo nas redes sociais, pelo facto da doença que afectaria os referidos cães ser curável. O vereador da oposição  considera que o município “deve deixar de ter um canil de abate” e deverá tomar medidas preventivas para evitar a repetição de situações como esta.
De acordo com José Machado, a Câmara Municipal poderá ser “responsável por não ter procedimentos e orientações inequívocas para o veterinário seguir nestas situações, ou, se foram transmitidas essas orientações, deverá ser verificado se a sua comunicação terá sido deficiente”.
Entretanto, também o Conselho Local de Leiria do Partido pelos Animais e pela Natureza (PAN) pediu esclarecimentos à Câmara sobre o abate dos animais. Na missiva, o presidente Fernando Emídio, pede ainda informações sobre se os animais foram entregues pelos donos ao canil ou se eram errantes e se os mesmos já tinham sido previamente vacinados. Este responsável defende que a informação a veicular, nos meios de comunicação social e redes sociais, como também às entidades finalizadoras “deve ser verdadeira, inteira, específica e divulgada com a devida responsabilidade”.
Segundo dados do município, desde 2006, ocasião em que se iniciaram as campanhas de adopção de animais no concelho, já foram adoptados 272 cães e 183 gatos. No que respeita às campanhas de esterilização, feitas de em conjunto com a Rede Leonardo, foram esterilizados, este ano, 96 animais.

Fátima Ferreira
fferreira@gazetadascaldas.pt

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3 COMENTÁRIOS

  1. LUTE PARA O FIM DESTE MARTÍRIO

    Por favor e por amor, não feche seus olhos nem tampe os ouvidos a súplica de sofrimento dos animais abandonados…

    O abandono de animais tem solução… Lute para o fim deste martírio, temos esta dívida ética, histórica com aqueles que consideramos como nossos melhores amigos. Vamos resgata-la…

    Se você participar, poderá salvar a vida de milhões de cães e gatos que são assassinados todos os anos nas ruas e em todos os canis municipais CCZ.

    amigosdosanimaisdetatui.blogspot.com.br/2011/11/resumo-projeto-postos-veterinarios-de.html

  2. Todos os seres vivos tem direito a vida condignamente.E de lamentar nos tempos que correm haver atentados a vida como este com a agravante ser do conhecimento e com o consentimento da Camara de Obidos.Espero que o Presidente da Camara com este artigo fique mais senssibilizado e eu pessoalmente acredito que sim e que vai corrigir o erro que cometeu.E no minimo que pode fazer para atenuar a dor destes animais que nao falam mas nos somos o poeta voz deles…

  3. É verdade, embora muito improvável, que mesmo num canil que “tem condições de excelência, que não se encontram na maior parte dos concelhos do país, tendo o serviço de veterinária avançado” pode acontecer um surto de parvovirose.
    Já não é normal que um “serviço de veterinária avançado”, ou que se autodenomina de avançado, só quando” informado “ por um funcionário “diagnosticou” parvovirose. Só se for um serviço de veterinária incompetentemente avançado.
    Apesar de pretender tratar-se de” uma decisão eminentemente técnica”, a decisão não deixou de ser tomada pelas mesmas eminências técnicas que foram incompetentes para actuar de forma preventiva (vacinados) evitando a pretensa doença.
    Do mesmo modo se não compreende por qual razão, nos momentos críticos, é solicitada a colaboração de associações particulares e nestes momentos em que mais se exige transparência, ignoram-se as associações particulares.
    Eu gostava de Óbidos.