É impossível não simpatizar com a luta da população da freguesia de Santa Catarina em prol da manutenção da sua estação de correios.
Depois de os CTT terem querido fechar a estação local, oferecendo como alternativa o seu agenciamento à Junta de Freguesia ou a privados (proposta que já vem de 2007 e à qual a população e autarcas têm sabido resistir), a empresa pública pretendeu agora limitar o seu período de funcionamento a duas horas e meia por dia (entre as 9h30 e as 12 horas).
Mas mais uma vez o executivo da Junta de Freguesia soube estar à altura para defender os interesses da sua população, que, por sua vez, também soube organizar-se numa comissão de utentes e protestar bem alto contra aquela pretensão.
Após uma reunião com um director dos CTT, o presidente da autarquia local, pôde comunicar aos seus fregueses que Santa Catarina ganhara mais esta batalha aos Correios.
É conhecida a arrogância desta empresa pública, que tem (e ainda bem) apresentado lucros todos os anos, e que o governo prepara para a privatização. Daí a tentativa de fechar estações em localidades mais pequenas (esquecendo o serviço público), a maneira displicente como trata os caldenses nas suas longas filas de espera na estação das Caldas e os próprios atrasos na distribuição do correio (de que a Gazeta das Caldas tem sido uma das mais prejudicadas). Daí que Zé Povinho não resista a saborear esta vitória ao lado da população e autarcas da venerável Junta de Freguesia de Santa Catarina.
Zé Povinho, com a sua provecta idade, já viu muito. E já não o surpreende que a história se repita. Aquando do seu criador, Rafael Bordalo Pinheiro, o país afundava-se sob os auspícios do então chamado rotativismo em que Partido Progressista e Partido Regenerador se alternavam no poder, mamando à vez do erário público.
Hoje a coisa chama-se “alternância democrática” e os partidos apenas mudaram de nome.
Mas embora cada vez menos surpreendido, Zé Povinho não deixa de se indignar. E desta vez com mais este episódio: um conhecido advogado e político português, ex-secretário-geral do PSD, foi nomeado membro não executivo do Conselho de Administração da REN (Rede Eléctrica Nacional).
Como se não bastasse a proximidade-promiscuidade no plano político para exercer aquele cargo, eis que o referido senhor – o Dr. José Luís Arnaut – é sócio do escritório de advogados CSM Rui Pena & Arnaut, responsável por grande parte da legislação estruturante do sector energético. Ou seja, um dos homens com mais influência na construção do edifício legislativo do sector energético e político próximo do partido do poder, vai agora subir à administração da ainda empresa pública REN.
Parece que em Portugal – quer seja sob o governo PSD ou PS – os responsáveis que participam nos processos de privatização acabam sempre por vir a integrar as direcções das empresas. Zé Povinho pasma com tanta promiscuidade e nepotismo, que é particularmente mais grave num momento de crise em que os portugueses sofrem de forma violenta os efeitos das medidas de austeridade. Infelizmente, há quem paire acima da dita e continue a fazer bons negócios.






























