A Semana do Zé Povinho

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Zé PovinhoA corrupção é um mal endémico de Portugal e de muitos países por esse mundo fora. Infelizmente não apenas dos menos desenvolvidos, uma vez que grassa também nalguns países mais ricos, com excepção dos países nórdicos onde este fenómeno não é tão significativo.

Nos últimos dias os portugueses têm sido bombardeados com as notícias de mais um caso, de certa forma ligado ao golpe do BPN, mas com outros contornos que para um dos acusados também passa por uma acusação de um crime grave contra uma compatriota. E tudo isto tem como denominador comum o dinheiro. Muito dinheiro.

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O principal alegado responsável por esses actos é uma figura da politica nacional, que foi deputado e dirigente do PSD, acompanhado nessa teia sugadora de dinheiros do BPN pelo seu filho e por um seu sócio.

À frente das investigações que levaram à detenção de Duarte Lima está um magistrado, Procurador da República, caldense, de nome Jorge Rosário Teixeira, que tem merecido a admiração generalizada. Os seus dotes de investigação não se limitaram ao BPN, uma vez que desde o final da década de 90, quando foi levado para a PJ pelo então director geral daquela Policia, Fernando Negrão, nunca mais parou de combater casos de corrupção, alguns dos quais foram bastante mediáticos.

Rosário Teixeira nasceu nas Caldas da Rainha há cerca de meio século, fez os seus estudos iniciais na cidade natal e depois estudou Direito, tendo ingressado depois na Magistratura. Actualmente está a coordenar uma equipa de magistrados do Ministério Público do Departamento Central de Investigação e Acção Penal, que inclui cinco procuradores-adjuntos que se dedicam a investigar o caso Furacão e o BPN.

Zé Povinho deseja-lhe muito força e que cumpra até ao limite da legalidade o seu mandato de perseguir a corrupção em Portugal.

Diz o povo que quanto maior é o voo maior é a queda. Ao ex-deputado Duarte Lima e líder da bancada do PSD durante alguns anos na primeira metade dos anos 90, tendo como primeiro-ministro Cavaco Silva, pode aplicar-se com alguma justiça esta afirmação.

Nasceu em família modesta, vão já mais de cinco décadas em Poiares, em Trás-os-Montes, tendo cursado Direito na Universidade Católica com o apoio de uma influente família da sua terra. Pela mão de Ângelo Correia, que foi ministro da Administração Interna nos anos 80, iniciou uma fulgurante carreira politica, que o levou a desempenhar importantes cargos partidários. Nos anos 90 foi objecto de uma campanha de denúncia já na altura relacionada com a compra de imóveis que lhe provocou um primeiro interregno na sua progressão política. Depois foi-lhe detectada uma leucemia que emocionou todo o país e lhe deu algum prestígio pelo que fez para a criação da Sociedade Portuguesa Contra a Leucemia.

Zé PovinhoCurado da doença, voltou aos negócios, envolvido com o BPN que lhe permitiu aceder a milhões que utilizou na compra de terrenos e numa imponente moradia num dos resorts mais caros do Algarve. Pelo meio teve uma assistência profissional a uma companheira de um dos homens mais ricos de Portugal, que acabou assassinada em circunstâncias muito estranhas no Brasil. A justiça brasileira acusa-o da responsabilidade neste acto. Nos últimos dias foi detido pela ligação ao caso BPN e conseguiu reunir quase um consenso geral contra a sua pessoa e a sua vertigem pelo dinheiro e por possuir propriedades imobiliárias de alto valor.

Zé Povinho também acha que ninguém é culpado antes de serem provados os crimes, mas a volúpia e a ganância que parece ter pelo precioso metal, já lhe merecia uma condenação absoluta.

Em todas as histórias em que se enredou parece que Duarte Lima não é merecedor de grande admiração, antes pelo contrário. Até pelo facto de ter conseguido também lançar nesta vida o seu jovem filho que aos 26 anos fica também com o seu futuro manchado.

Histórias destas, garante Zé Povinho que povoam a história de Portugal desde sempre, e especialmente desde o século XIX quando Bordalo Pinheiro não perdoava estes crimes aos seus contemporâneos.

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