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Zé Povinho, bem como o seu criador, Rafael Bordalo Pinheiro, são apreciadores exímios da cebola, uma planta herbácea com grande qualidades medicinais e que é de grande agrado da maioria dos portugueses.
Na feira que se realiza em Rio Maior há cerca de 250 anos, são os agricultores da freguesia de Alvorninha que actualmente mais pontuam com a venda deste condimento da alimentação popular portuguesa.
As gentes da região Oeste ligadas à agricultura lembram-se da aventura que foi durante grande parte do século passado, famílias inteiras que cultivavam a cebola, fazerem a caminhada com carros de bois, transportando algumas toneladas para as venderem naquela que era uma festa também de convívio agrícola.
Mais recentemente, com a desertificação da actividade agrícola e a substituição dos meios de transporte por camionetas e furgonetas, aquela tradição foi-se esmorecendo, mas Alvorninha tem sabido manter-se presente.
Por essa razão Zé Povinho saúda esta freguesia e os seus ceboleiros, e recorda nostalgicamente como seriam as feiras das Caldas da Rainha, se se tivesse mantido o mesmo apego pela tradição que capta milhares de visitantes.
Há pessoas que se não existissem tinham de ser inventados. O presidente do Governo Regional da Madeira, Dr. Alberto João Jardim, parece ser uma delas.
Os défices apurados naquela região autónoma não têm parado de crescer, tendo passado em algumas semanas de 230 milhões para 500 milhões de euros, que vão somar-se aos restantes buracos orçamentais da pátria de Zé Povinho.
A história não é inédita e o grande Rafael Bordalo Pinheiro imortalizou-a em relação a alguns dos fura orçamentos do final do séc. XIX.
Mas o que espanta é a desfaçatez do homem da Madeira, que perante a descoberta das seus buracos orçamentais pelos técnicos da troika, acusa que se trata de uma conspiração da maçonaria e dos próprios sectores da União Europeia que são afectos à Internacional Socialista e que estão a trabalhar neste grupo da troika.
Há tiradas do presidente da Madeira que até podem ter alguma piada, mas neste momento em que todos os portugueses estão a passar por um mau bocado, não parece de bom tom este tipo de afirmação que quer fazer passar por parvo cada um dos dez milhões de habitantes do rectângulo mais ocidental da Europa.
O primeiro-ministro Passos Coelho foi empurrado pelo Dr. Alberto João Jardim para uma situação que provavelmente era a menos desejada e que lhe vai retirar argumentos para impor novas medidas de restrição. É que se o primeiro-ministro calar, perderá totalmente o seu capital de credibilidade neste período de graça.
Por tudo isto, Zé Povinho não achou nenhuma graça a Alberto João, mesmo que ele consiga renovar mandatos, baseados na demagogia barata à conta do continente.
