Zé Povinho confessa-se feliz pelos três dias de ambiente festivo que se viveu nas Caldas da Rainha no passado fim-de-semana. Na sexta-feira, discreto, esteve no CCC assistindo à sessão solene com o senhor primeiro-ministro. Foi à homenagem à rainha, espreitou as inaugurações, foi ver as obras acabadas à pressa, mas sobretudo passeou-se pelo Parque, no meio da multidão, no Festival Oeste Lusitano.
Pode-se dizer que foi um 15 de Maio que teve prolongamento pelos dias 16 e 17 de Maio, em eventos participados e recheados de êxito.
Há, pois, razões para o Dr. Tinta Ferreira sorrir. Duplamente. Porque não foi só por o povo ter saído à rua, perdão, ao Parque, que o presidente ficou satisfeito. Politicamente, o edil teve a presença do primeiro-ministro no Dia da Cidade, ele que é também o líder do seu partido, a homenagear o também presidente da distrital do PSD, Dr. Fernando Costa. Uma autêntica festa laranja!
E num momento em que a relação com o CDS local andava turbulenta, este reforço do líder da coligação governamental veio mesmo a calhar.
Os centristas, por seu turno, não se podem queixar pois tiveram nas Caldas um dos seus – o ministro Pedro Mota Soares, que veio inaugurar a atrasada obra de ampliação da Misericórdia. Uma forma de todos ficarem contentes, ganhando as Caldas da Rainha visibilidade por ter num mesmo dia a visita de dois governantes.
Mas Zé Povinho prefere relevar o êxito deste 15 de Maio, cumprimentando, através do senhor presidente Tinta Ferreira, toda a população caldense.
Ganhando asas, olhando para horizontes mais longínquos, Zé Povinho não pode ficar indiferente ao que se está a passar com uma das empresas nacionais prestigiadas e mais conhecidas dos portugueses – a TAP.
Independentemente das opiniões, todas muito respeitáveis, dos que são a favor ou contra a privatização da companhia aérea de bandeira, o que está em causa é a forma apressada como o governo está a conduzir este processo. Um estilo, aliás, idêntico ao que está a acontecer com as privatizações de outras empresas ligadas aos transportes como é a CP Carga e a EMEF. É tudo feito a correr, a “cortar a eito”, sem diálogo, sem ouvir ninguém, como se o governo estivesse imbuído de um “espírito de missão” que consiste em não deixar pedra sobre pedra em tudo o que é público.
Isto para não falar da forma atabalhoada como se tem processado a concessão a privados da Carris e dos metros (de Lisboa e do Porto) e do Oceanário de Lisboa.
O motivo é, claramente, ideológico. Uma crença absoluta no mercado. Um preconceito absoluto sobre o que é público.
Zé Povinho acha que as privatizações não têm que ser um tabu. Mas desconfia desta correria, a poucos meses das eleições, para vender o que resta do sector público nacional. Desconfia desta loucura em querer vender a qualquer preço, sem cuidar do interesse dos cidadãos, como se um qualquer caderno de encargos oferecesse as mesmas garantias de serviço público que uma empresa cem por cento detida pelo Estado.
A prudência aconselharia a que aquilo que não foi feito nos últimos três anos, não tivesse que ser feito em poucos meses. O bom senso aconselharia a ouvir vozes mais avisadas, a estabelecer consensos, a provocar um debate nacional.
Mas não. A fúria privatizadora tomou posse deste governo, cujo rosto mais visível nestes processos é um rapaz cheio de certezas – o secretário de Estado dos Transportes, Dr. Sérgio Monteiro.






























