A Semana do Zé Povinho

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O Dr. Tinta Ferreira não tem os dotes nem a violência argumentativa do Dr. Fernando Costa, mas parece que mesmo assim não desgosta aos eleitores do concelho das Caldas da Rainha, que o premiaram com um mandato por maioria absoluta de quatro anos.
O futuro presidente da Câmara caldense, pode gabar-se que foi poupado ao tornado eleitoral que atingiu o seu partido em grande parte do território nacional, incluindo as regiões autónomas, especialmente a da Madeira, que desta vez ajudou à razia, penalizando fortemente o pitoresco Alberto João Jardim.
O presidente da Câmara “em exercício”, e que agora o vai ser de pleno direito, conseguiu nos últimos meses a proeza de agradar e ser o herdeiro do Dr. Fernando Costa, que durante muito tempo evitou indicar sucessores.
Zé Povinho não descortina se o Dr. Tinta Ferreira terá o rasgo e a força para enfrentar uma herança de 28 anos com pouca inovação e criatividade do quase eterno presidente Fernando Costa, que, por ele ficava até sempre à frente da autarquia, e que agora perdeu em Loures.
Mas merece este destaque, num momento em que a derrocada nacional do seu partido é muito clara, graças aos piores resultados nas autárquicas desde o 25 de Abril.
Da mesma foram, também o caldense por adopção, Dr. António José Seguro, líder dos socialistas, conseguiu, contra ventos e tempestades, atingir o melhor resultado de sempre do seu partido nas autarquias.
Quando já era dado por derrotado antecipadamente, com os comentadores a exigirem-lhe resultados eleitorais surpreendentes, atingiu (apesar de algumas perdas significativas, como Braga, Guarda, Évora e Beja) o maior número de autarquias que foi conseguido em Portugal desde 1976. Tudo se encaminha que seja ele a bater-se no próximo acto eleitoral nacional com o Dr. Passos Coelho, cada vez mais a debater-se com crises no seio da coligação e com a dura realidade do país.
Provavelmente, Zé Povinho ainda vai ver todos os media nacionais a acompanharem as próximas eleições legislativas nas Caldas da Rainha quando o candidato a primeiro-ministro voltar a votar. A não ser que haja alguma reviravolta inesperada na situação económica do país em que se assista à “ressurreição” do Dr. Passos Coelho.
Zé Povinho cumprimenta, pois, o Dr. Tinta Ferreira e o Dr. António José Seguro.

De nada lhe valeu pedir aos amigos para escreverem cartas de apoio para a Gazeta. O Dr. Rui Correia nem assim conseguiu evitar um dos maiores desaires eleitorais do PS nas Caldas da Rainha. Um desaire tanto maior porquanto foi à revelia da tendência deste partido a nível nacional, que foi o grande vencedor das autárquicas.
O PS das Caldas teve, pela primeira vez em várias décadas, condições únicas para ganhar a Câmara ou, no mínimo, meter um terceiro vereador: a saída do dinossauro que papava eleições sucessivas com maioria absoluta, e um desgaste tremendo do partido que está no governo (PSD) graças à política cega da austeridade.
Contudo, os socialistas caldenses, não só não subiram a votação neste contexto, como ainda conseguiram perder votos.
Pior era impossível.
Se calhar nem os militantes locais sabiam que a sua credibilidade e aceitação nas Caldas era tão insuficiente.
O PS caldense continua a cometer os mesmos erros de eleições anteriores nas escolhas autárquicas, nunca tendo conseguido convidar uma verdadeira figura caldense, com prestígio técnico e profissional que se colocasse como verdadeira alternativa aos candidatos laranja.
Paradoxalmente, Zé Povinho coloca aqui o Dr. Passos Coelho a fazer companhia ao Dr. Rui Correia. O líder nacional do PSD bem se esforçou a repetir que estas eleições eram locais, mas não pode evitar uma forte penalização do eleitorado que lhe mostrou um cartão vermelho a uma governação teimosa que, em vez de salvar o país, o tem vindo a afundar.
Não contente com a derrota do passado domingo, o Dr. Passos Coelho na sua primeira intervenção pública anuncia que o castigo aos portugueses são para continuar, mesmo que já ninguém acredite nesta receita, mesmo entre os seus companheiros de partido menos enfeudados ao actual poder.
Zé Povinho também não pode deixar de o censurar e de o avisar que não vai por bom caminho, de derrota em derrota, até à derrota final. Os portugueses mereciam melhor timoneiro.

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