A Semana do Zé Povinho

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A canícula que se abateu sobre o país elevando as temperaturas diurnas e nocturnas bem acima das normais para a época, fez com que os fogos emergissem um pouco por todo o lado, mas, desta vez, especialmente na região Centro.
O Oeste, zona húmida, verde, fresca e junto à costa, que costuma ser poupado a estas provações, foi desta vez castigado duramente, a ele chegando os incêndios que obrigam à mobilização de inúmeros meios, incluindo os aéreos, para além de centenas de operacionais que deram o seu melhor para poupar casas e outros bens.
Numa logística invulgar para a região, foram mobilizados centenas de bombeiros que combateram incêndios em Alcobaça, Caldas da Rainha, Óbidos, Bombarral, Peniche e Lourinhã.
Zé Povinho manifesta por isso a sua admiração e respeito por todos aqueles que combatem os incêndios, vivendo situações de perigo que, por vezes, ceifam vidas ingloriamente.
O problema dos incêndios necessita de soluções estruturais profundas que passam pela política ligada ao uso da terra e às formas da sua exploração produtiva, implicando reformas radicais que ninguém está disposto a iniciar.
Face a isto, os bombeiros (e outros profissionais que se batem denodadamente contra os fogos) aqui representados pela corporação caldense, merecem os maiores cumprimentos e agradecimentos de Zé Povinho.

Os objectivos orçamentais acordados entre Portugal e a troika parece que vão ser ultrapassados de longe, segundo as estimativas já divulgadas. De um valor de 4,5% de défice previsto, deverá chegar-se no final do ano a valores próximos dos 7%, caso não ocorra milagre ou alguma medida inesperada que neste momento não se vislumbra.
Nas reuniões que a troika manteve com os parceiros sociais, segundo versões vindas a público, esta não assume a responsabilidade do desvio e, antes pelo contrário, atribui essa culpa ao país e ao governo.
O governo, e especialmente o primeiro-ministro, nega-se a reconhecer este deslizamento, enquanto que os restantes partidos da oposição e mesmo o Presidente da República, Cavaco Silva, como muitos especialistas e comentadores, consideram que a troika devia igualmente arcar com uma boa parte da responsabilidade da falha no ajustamento orçamental do país.
Muitos observadores acham esta posição da troika de cínica e irresponsável, uma vez que foi ela que impôs, com base na sua experiência de intervenções em vários países no mundo, os objectivos do compromisso assinado inicialmente com os partidos do arco da governação (PS, PSD e CDS/PP), apesar do actual governo se gabar repetidas vezes que havia ido para além das exigências dos representantes das entidades emprestadoras do dinheiro.
Zé Povinho, pelas razões expostas, não pode deixar de censurar tanto a troika como o primeiro ministro e o seu governo, que não viram o que qualquer indivíduo mais atento percebeu muito antes: medidas fortemente penalizadoras no consumo e na fiscalidade dos rendimentos dos portugueses, apenas podiam provocar uma maior recessão, desemprego, falência e menor actividade económica, que implicaria menor arrecadação de impostos e mais gastos com subsídios de desemprego.
Assim o resultado estava à vista e nem era preciso ter tido atenção pelo que vários prémios Nobel avisaram.
Zé Povinho espera que a culpa não morra solteira e que não se assista nos próximos tempos ao passa da culpas entre estas figuras da tragédia recente da vida dos portugueses.

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