A semana do Zé Povinho

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Joaquim António Silva, mais conhecido como Quitó, é um verdadeiro homem dos sete ofícios. Este bombarralense – desde há muito caldense adoptivo porque veio viver para as Caldas da Rainha aos nove anos – é professor, designer gráfico, fotógrafo, músico (Qsabe tocar vários instrumentos) e maestro, entre muitas outras facetas.
Sempre muito discreto, avesso aos holofotes, Joaquim António Silva é amigo do seu amigo e os seus pares reconhecem-lhe o mérito, o talento e o rigor com que executa os seus projectos.
Desde a Casa da Cultura, da qual Quitó foi um verdadeiro dinamizador cultural, até à associação Património Histórico, à qual está há décadas ligado, aos Pimpões e à ETEO, várias são as instituições que puderam e podem contar com os seus préstimos, tantas vezes de forma voluntária.
Joaquim António Silva é um dos elementos do Concerto Atlântico -agrupamento liderado por Pedro Caldeira Cabral – e que integra especialistas em interpretação de música dos séculos XV e XVI. Neste grupo toca viola de mão, viola da gamba tenor e bombarda. Além do mais, é também investigador nesta área, sobretudo no que diz respeito à música na época medieval, da qual é um fiel reprodutor da verdade histórica musical.
Ainda na música erudita, Quitó é o maestro do Grupo Coral dos Pimpões com quem tem percorrido o país, levando longe o nome daquela colectividade e das Caldas da Rainha.
Em eventos mais modestos ou nas festividades da cidade, o também professor é presença assídua, com os seus alunos do grupo de bombos da ETEO, nas ruas e praças das Caldas, espalhando alegria e boa disposição.
Recentemente, deveu-se a Joaquim António da Silva a vinda às Caldas da Rainha do Grupo de Cantares de Manhouce, um ícone de música popular, ao qual deu preciosa ajuda na gravação de um CD. Da mesma forma, aliás, com que ajudou um grupo de jovens músicos das Gaeiras a formar-se e a internacionalizar-se.
A capacidade para desenvolver projectos e estabelecer parcerias nas mais diversas áreas é outra das características deste reservado e multifacetado artista, ao qual Zé Povinho deseja a continuação de muitos êxitos

Os portugueses desconfiam de alguns  políticos. E os políticos põem-se a jeito para que tal aconteça. Vem isto a propósito da triste atitude tomada pelos senhores deputados Manuel Isaac e Maria da Conceição Pereira na Assembleia da República aquando da votação da petição das comissões dos utentes de saúde que têm procurado defender os hospitais do Oeste e a manutenção das suas valências.
Depois de um largo consenso nas Caldas da Rainha e na região sobre a necessidade de travar a reorganização hospitalar proposta pelo governo – que lesa gravemente as populações -, a Plataforma Oestina de Comissões de Utentes de Saúde conseguiu levar ao Parlamento português as petições assinadas por milhares de pessoas para debate e discussão.
No autocarro em que um grupo de cidadãos das Caldas da Rainha se fez deslocar à Assembleia da República para assistir ao debate, pontuavam elementos de praticamente todos os partidos políticos, inclusive, o presidente da Assembleia Municipal, órgão no qual muito justamente foi criticada a (des)organização hospitalar proposta pela governo.
Pois bem. Quando se julgava que haveria um mínimo de coerência e de dignidade na defesa dos interesses da população caldense, os dois únicos deputados das Caldas da Rainha eleitos para a Assembleia República, decidiram votar contra.
Sem coragem para assumir que o fizeram por pura obediência à disciplina de voto – essa poderosa ferramenta dos partidos políticos destinada a manter ordem na casa e a impedir veleidades de livre pensamento aos seus deputados -, Manuel Isaac e Maria da Conceição chutaram para canto.
O primeiro tentou justificar-se dizendo que defendia a privatização do hospital termal, quando nem sequer era isso que estava em causa. A segunda falou numa declaração de voto que nunca tornou pública, perdendo assim uma boa oportunidade de a ler no Parlamento, justificando-se aos seus conterrâneos, que certamente a ouviriam com toda a atenção nas galerias.
Zé Povinho entende que é nestes momentos que não lhe deve tremer a pena para usar palavras como “traição” e “cobardia”. É que no tempo do seu criador, Rafael Bordalo Pinheiro, não se usavam eufemismos nos debates parlamentares das cortes…
Afinal, se os partidos políticos tanto insistem na disciplina de voto, mais valia substituir os deputados da Assembleia da República por robots, programados para votar de acordo com as decisões da direcção partidária. Pelo menos saíam mais baratos.

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