A-dos-Negros festeja aniversário com valorização do património

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Os 418 anos da freguesia foram celebrados com o lançamento de um livro sobre a localidade e a apresentação de um centro interpretativo, cujas temáticas serão a água, o pão e o vinho

António Quintino saiu ainda jovem de A-dos-Negros, mas a aldeia teve sempre um “bom lugar” no seu pensamento e coração, o que o levou a querer homenagear a terra e as suas gentes com o livro apresentado a 4 de julho, no aniversário da freguesia. A obra fala sobre as origens de A-dos-Negros e a sua história, curiosidades e tradições, faz referências a algumas personalidades, lugares, ao associativismo e conta ainda com versos do autor.
“O estilo da escrita é agradável e retrata a evolução desta terra e das suas pessoas”, referiu José Machado ao apresentar o livro, acrescentando que o autor conta histórias ali vividas no século passado, na sua infância e juventude. Aconselha a sua “leitura completa”, essencialmente às pessoas naturais da terra, residentes, conhecedoras e interessadas na região.
A pandemia veio alterar o resultado final do livro, que João Quintino idealizou mais documentado. “Encontrei algumas portas difíceis, outras a que nem cheguei a bater, mas também encontrei outras que se abriram espontaneamente e às quais estou muito agradecido”, disse o autor, destacando a colaboração da junta de freguesia.
“O amor à minha terra foi sempre mais forte pelo que nunca pensei desistir”, destacou o autor do livro cujo valor das vendas reverte para a Associação de Desenvolvimento Social daquela freguesia.

Apontamento com alguns objetos que integrarão o Centro Interpretativo

Disseminação do conhecimento
A data foi também assinalada com a pré-apresentação do Centro de Interpretação de A-dos-Negros/Arnóia, pelos historiadores Ângela Oliveira e João Pedro Tormenta.
Os responsáveis pretendem que aquele seja um local de disseminação do conhecimento, que assentará nas temáticas da água, do pão e do vinho, compreendendo documentação histórica, objetos, fotografias com esses objetos e, de preferência o elemento humano.
Data de 1603 o mais antigo inventário da zona de A-dos-Negros, pelo ermitão de Santa Maria Madalena, mas Ângela Oliveira acredita que a paróquia que depois evolui para freguesia, em termos administrativos no século XIX, é anterior a essa data. A investigadora referiu que D. Afonso Henriques fez uma doação a uma importante família judia de Lisboa, a família Negro, que viria a fixar-se nesta região. Depois, trabalhando os inventários orfanológicos e de partilhas do concelho de Óbidos, encontraram referências a esta terra em documentos datados desde 1598 e que lhes permite um fio condutor assente na água, no pão e no vinho.
Ângela Oliveira manifestou, ainda, o desejo de recuperar a antiga tradição de produção e transformação do linho, que encontram nos inventários desde o século XVI. “Temos imensa coisa para um centro de interpretação que se pretende que seja vivo, ativo, participante, de pessoas e para pessoas da freguesia, aberto também a quem queira visitar”, rematou a responsável.
Ainda não existe um espaço físico definido para acolher o centro de interpretação, mas o vice-presidente da Câmara de Óbidos, José Pereira, deixou a garantia de que isso irá acontecer. O autarca destacou a riqueza patrimonial e identitária da freguesia e lembrou que a albufeira do Arnóia ainda está por explorar.
A cerimónia foi limitada, tendo em conta as regras de segurança por causa da pandemia, no entanto, o presidente da junta, Heitor de Sousa, realçou que não podiam deixar de assinalar a data da mais antiga freguesia do concelho. ■

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