“A codorniz tem de estar para o Landal como a sopa da pedra está para Almeirim e o leitão para a Bairrada”

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Rostos, restaurante Samagaio, 13h00. O estabelecimento está cheio de uma clientela ruidosa que ocupa todas as mesas e se debate com pratos de carne. Maioritariamente codornizes (uma especialidade da casa), mas também frango, coelho na brasa, febras e cozido à portuguesa. Nesta quinta-feira de Novembro só há uma mulher no restaurante. O resto são grupos de homens, pessoas da  freguesia, mas também de A-dos-Francos, do Painho, das Caldas.
Não é só porque uma refeição neste restaurante custa cinco euros (prato do dia, vinho, pão e café) que ele está cheio. Na freguesia do Landal, só há dois – o Samagaio (nos Rostos) e o Retiro dos Amigos (em Santa Susana). São locais de encontro e de convívio, onde se fala de caça, de futebol e  de política, mas também de negócios. Vinhos, codornizes, madeiras, rações, produtos agrícolas são igualmente tema de conversa.
Júlio Silva, empresário, e António Almeida, presidente da Junta, estão diante de uma travessa de codornizes excelentemente confeccionada. “Estão no ponto” diz Júlio Silva, que as fornece. “Estas têm exactamente quatro semanas. Mais do que isso começam a ganhar gordura e ficam rijas. Eu prefiro que se queixem por elas serem pequenas do que por serem rijas porque assim é que elas são saborosas”.
António Almeida refere a importância desta actividade na sua freguesia que tem pouco mais de mil eleitores. Tendo em conta que há uma centena de pessoas directa ou indirectamente relacionadas com a produção de codornizes, isso representa 10% do seu eleitorado. O autarca, de 53 anos, eleito pelo PSD, completa o seu primeiro mandato e orgulha-se de ter posto em prática uma ideia já antiga na freguesia – um festival de codornizes, que associe o Landal a este produto.
“Tal como a Sopa da Pedra está relacionada com Almeirim, e o leitão à Bairrada, queremos que as codornizes sejam associadas ao Landal”, explica António José Almeida.
Cerca de 3000 pessoas passaram por este evento, que teve lugar em Outubro e se realizou pelo segundo ano consecutivo. Este ano até teve direito a reportagem da RTP, o que ajudou a divulgar o nome da terra e o cluster das codornizes.
Nas próximas edições do festival, se a afluência de público continuar a aumentar, o autarca gostaria de usar as casas antigas do centro do Landal para ali realizar o evento, tornando-o mais pitoresco e dando uso a um património discreto em que poucos reparam.
“Organizar o festival serve para divulgar o produto, mas também para ajudar as quatro associações da freguesia”, diz o presidente. A Junta paga o evento, os produtores oferecem uma parte das codornizes e as associações cozinham e vendem as refeições e obtêm assim receitas para as suas actividades.
Curiosamente, o Landal é uma das terras mais pequenas da freguesia. Um local onde não acontece nada, parado no tempo, que não tem sequer um café. A Junta de Freguesia tem uma funcionária, que faz também o transporte das crianças das escolas. E mais nada, como a Gazeta das Caldas teve oportunidade de confirmar nesta tarde soalheira.
António Almeida conta que, historicamente, a terra era dominada por três famílias ricas, a que correspondiam três respectivas quintas. Daí ser o Landal a sede administrativa de uma freguesia que tem praticamente a sua população e actividade económica concentradas nos Casais da Serra, Rostos e Santa Susana.
Além das codornizes, o presidente da Junta releva também a produção de pêra Rocha (que este ano ultrapassou as 3000 toneladas) e o Pão de Ló do Landal na economia da freguesia.

C.C.

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