Zé Povinho

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Fd3-LuisRibeiro1Foi um momento particularmente interessante das comemorações do 25 de Abril aquele que se viveu durante a Assembleia Municipal de jovens estudantes, que teve lugar no passado dia 23. Alunos de três escolas secundárias caldenses simularam ser deputados municipais e souberam apresentar muito bem as suas ideias e propostas, debatê-las, negociá-las, fazendo escolhas e votando democraticamente. Tudo isto sob a batuta atenta do veterano presidente da Assembleia Municipal das Caldas da Rainha, Dr. Luís Ribeiro, que levou esta sessão muito a sério, embora não disfarçasse a enorme satisfação e o prazer que sentiu ao liderar aquele inusitado grupo de “deputados”.
Zé Povinho considera que uma das grandes conquistas de Abril foi precisamente o poder local e o hábito de discutir livremente as opiniões e tomar decisões de proximidade. Aliás, o próprio presidente deste órgão repetiu aos jovens que esta sessão só era possível porque o país vive em democracia. Uma democracia que foi conquistada em Abril de 1974.
De parabéns estão também os jovens estudantes que se apresentaram bem preparados e souberam comportar-se com a dignidade exigida aquele órgão, tendo, inclusivamente, feito cedências e alianças na hora de fazer propostas e de tomar decisões. Zé Povinho não resiste mesmo a comentar que deram um bom exemplo de tolerância e sapiência face aos, por vezes, mal comportados e intolerantes deputados adultos que nem sempre pensam e votam pela sua cabeça, mas sim pela do partido.
Posto isto, há razões para que no próximo ano a Assembleia Municipal Jovem volte a reunir, mas alargada a mais escolas e – já agora – com um bocadinho de poder de decisão a sério num mini orçamento participativo que pudesse ser concretizado.
Parabéns, pois, aos jovens estudantes e ao Dr. Luís Ribeiro.

imagesAs suspeitas de que a morte recente de três estudantes em Braga tinham a ver com brincadeiras ligadas à praxe académica, levam Zé Povinho a temer o pior sobre essa realidade meio obscura, da qual uma pequena parte veio à luz após a tragédia do Meco.
Há que dizer de forma desassombrada que os primeiros culpados pelos excessos das praxes académicas são os próprios estudantes. Não vale a pena culpar a sociedade, a ausência de legislação, as universidades, a família, os professores, ou o governo. As praxes, se estão institucionalizadas, é entre os próprios estudantes universitários. Por isso, Zé Povinho simpatiza com todos os que recusam a praxe e acham que andar a desfilar, pintados, na rua, a dizer palavrões, não é um acto de integração nem tem que ser uma inevitabilidade.
Mas se a culpa é, em primeiro lugar, dos estudantes, ela é também, grosso modo, do próprio país. Um país que permite que os seus jovens cheguem à universidade e não tenham a inteligência de distinguir simples brincadeiras de camaradagem de tradições humilhantes, sujeitando-se a elas de forma acrítica, é um país que falhou na formação desses mesmos jovens. É um país que não conseguiu ensinar a quem entra no ensino superior elementares noções de cidadania.
Felizmente que nas Caldas da Rainha – e talvez devido a uma natural irreverência dos estudantes da escola de artes da cidade – as praxes violentas e degradantes não têm sido uma prática, sendo que grande parte dos jovens se estão nas tintas para essas palhaçadas.
Zé Povinho espera que a nível local essa coisa não se transforme num monstro e reitera a sua condenação dessas práticas em todo o país.

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