Governador Civil contra ARS de Lisboa e Vale do Tejo
Decorreu na tarde de 15 de Maio a tradicional cerimónia no Hospital Termal que este ano contou apenas com a presença do Governador Civil, Paiva de Carvalho que se revelou descontente com a atitude pouca esclarecedora da Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo (ARS-LVT), a quem pediu explicações sobre a situação do Centro Hospitalar das Caldas e não obteve resposta.
“A ARSLVT não quer saber do Governo Civil para nada!”. São palavras do governador Civil, Paiva de Carvalho, no final da cerimónia no Hospital Termal que lamenta o facto de ter pedido informações sobre a resolução das várias questões sobre o Centro Hospitalar das Caldas e “não ter obtido qualquer resposta”.
O governador sabe que a Ministra da Saúde, Ana Jorge, está a par da situação relativa ao CHON mas “remete para a ARSLVT a sua resolução”.
Paiva de Carvalho diz que não pede mais informações aquele órgão e lamenta que assim seja pois “mesmo que esta não agrade a todos, já tarda uma decisão”.
O governador civil espera também que o Grupo de Trabalho – que integra a Câmara, o Centro Hospitalar e o ISCTE – “possa funcionar e que haja decisões em breve” e mostrou-se disponível “para tentar resolver o assunto”.
Manuel Nobre fez um discurso breve para deixar uma mensagem de esperança “de que no futuro, que queríamos próximo, haja os desenvolvimentos que todos achamos necessários”.
O presidente da Câmara, Fernando Costa referiu-se à importância da cerimónia no Termal como uma tradição que, por coincidir com a abertura do próprio Hospital, passou a ser o Dia do Município.
“A cidade e o concelho devem a sua origem a este local”, afirmou o edil que, em traços largos, falou da história e dos momentos mais marcantes do hospital termal e da cidade.
“Ainda hoje o hospital continua a ser preponderante na vida da cidade pois é a maior empresa e centro de encontro de pessoas”, disse acrescentando que no Centro Hospitalar “trabalham mil pessoas e há igual número que vem todos os dias àquele espaço”.
Fernando Costa espera que o novo Grupo de Trabalho – anunciado no anterior 15 de Maio mas que entrou em funções muito recentemente – “não seja para não fazer nada, como é costume”, mas, como a Câmara também o integra, lá foi dizendo que afinal poderá contribuir para que sejam “dados importantes passos para o futuro”.
O autarca mostrou também preocupação com a possibilidade da deslocalização do hospital das Caldas pois “seria um erro para doentes, para o pessoal médico e para a população das Caldas retirá-lo daqui para o localizar mais a norte ou a sul”. Seria até “um grave atentado à história e aos compromissos que ao longo dos anos têm vindo a ser assumidos por uns e outros”.
Antes da cerimónia no Hospital Termal, houve a tradicional deposição de flores na estátua da Rainha, simbolizando a homenagem a D. Leonor, a fundadora desta localidade.
As coroas de flores foram deixadas por responsáveis do CHON, da ACCCRO, dos Bombeiros, da Misericórdia, da Câmara, da Assembleia Municipal e das Juntas de Freguesia urbanas.
“CHON está numa situação de grave sustentabilidade financeira”
“O CHON está numa grave situação de sustentabilidade financeira”. Quem o disse à imprensa foi Alexandre Farinha, vogal executivo demissionário do CA do Centro Hospitalar no final da cerimónia do Hospital Termal.
Segundo aquele responsável, o passivo – até 31 de Dezembro de 2009 – “é superior a 34 milhões de euros”. Tendo em conta que estão previstas transferências de verbas da Administração Central do Sistema de Saúde (ACSS) de aproximadamente 38 milhões de euros, “ficamos com uma ideia da insustentabilidade financeira do CHON”.
Segundo o mesmo responsável, os resultados negativos transitados de 2008 são superiores a 20 milhões de euros. Para este administrador a gravidade da situação “justificaria um subsídio extraordinário para suprir parte do passivo”.
Alexandre Farinha acha que foi em boa hora que o CA pediu a demissão. “Aguardamos agora uma nova solução que seja melhor do que esta, a todos os níveis, seja do ponto de vista da visão estratégica, coesão, seja da eficácia da sua acção e encaro isto com total confiança”.
Este responsável que é administrador hospitalar há 26 anos espera que o novo CA “cumpra com a legalidade, que coloque ordem na casa e que não permita um passivo que este hospital acumulou nos últimos tempos”.
A subida da despesa global “ronda os 9%” o que não tem reflexo na própria actividade e essa foi uma das circunstâncias que levou a grandes divergências entre os elementos do CA. E a que se deve este aumento? “A diversas razões mas sobretudo a despesas feitas na área do património e outras que não estavam previstas no orçamento do Hospital “, disse.
O facto do CA se ter demitido é para este administrador “um excelente ensejo para se mudar o paradigma de gestão do CHON”.































CHON: Só se endireitará com um D. João II, que por acaso até foi o marido da tal Rainha das Caldas. Desenterrá-lo depois de 500 anos vai ser difícil