“Uma empresa é uma pessoa e pode ser boa ou má cidadã”, diz João de Sá Nogueira

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“Trabalharem mais e ser mais solidários com os mais desfavorecidos”, foi o conselho deixado às empresas pelo director executivo da Fundação Infantil, Ronald McDonald, João de Sá Nogueira, na palestra que proferiu sobre responsabilidade social no passado dia 30 de Janeiro no pólo caldense da  Escola de Hotelaria e Turismo do Oeste, a convite do Rotary caldense.
O orador, que durante muitos anos foi administrador e consultor de empresas, disse aos presentes, muitos eles empresários, que é importante “fazermos coisas que nos dêem felicidade” e que a componente social é fundamental.
João Sá Nogueira realçou que a missão da empresa deve continuar a ser a rentabilidade, mas actualmente “quem não investiga e não inova perde o comboio”, disse, dando como exemplo a Renova que, enquanto produtor de papel teve a coragem de inovar e descobrir novos nichos de mercado com a produção do papel higiénico colorido.
O empresário fez um resumo dos diversos tipos de empresas que existem para destacar como a mais completa a empresa cidadã, que cria valor nas suas dimensões económica, ambiental e social. “Entendo que uma empresa é uma pessoa e, como tal, pode ser boa ou má cidadã”, disse, realçando que a empresa cidadã assume a sua responsabilidade social e incentiva os seus colaboradores a participarem de forma voluntária nas iniciativas da comunidade.
Referindo-se às Caldas da Rainha, João de Sá Nogueira lançou pistas para a promoção de voluntariado, nomeadamente de acções ambientais na Lagoa de Óbidos, de preservação do património na cidade ou de fomento do desporto nas camadas jovem e sénior.
A interacção das empresas com a sociedade pode também ser feita através de donativos, mas essa “é a maneira mais fácil”, revela, defendendo que é importante ir mais longe e promover parcerias com a comunidade.
E estas acções não se dirigem apenas às grandes empresas, uma vez que uma micro-empresa pode, por exemplo, deixar a instituição próxima usar o seu correio electrónico, ou ser tutora de um grupos de alunos.
“A cidadania empresarial traz muitas vantagens pois junta o valor social e o económico, dando reputação à empresa e ao valor da marca”, referiu, acrescentando que também sai reforçado o espírito de equipa e orgulho na empresa.
João de Sá Nogueira deu o exemplo do GRACE – Grupo de Reflexão e Apoio à Cidadania Empresarial, do qual é presidente da mesa da Assembleia Geral. Esta associação sem fins lucrativos, que tem como objectivo a promoção do conceito de cidadania empresarial e de responsabilidade social das organizações, foi formada em 2000 e conta actualmente com cerca de 90 empresas, que actuam em áreas de negócio muito diversificadas.
O palestrante desta iniciativa organizada pelo Rotary Club das Caldas, também é director executivo da Fundação Infantil Ronald McDonald. “É útil vivermos um bocado para os outros”, disse, referindo-se à fundação infantil que já possui 300 casas em todo o mundo e que está instituída em Portugal desde 2000. A primeira casa foi construída em Lisboa e inaugurada em 2008, tendo já recebido mais de 400 famílias. Trata-se de “uma casa longe de casa” para os familiares e as crianças que se deslocam da sua residência habitual para receber tratamento no Hospital D. Estefânia, em Lisboa.
O próximo objectivo é a construção de uma casa no Porto, junto ao Hospital de S. João, que apoiará gratuitamente famílias e crianças em tratamento naquele hospital e também no Centro Hospitalar do Porto e no Instituto Português de Oncologia da Invicta.
Presente na palestra Sabrina Ribeiro, da direcção da AIRO, lembrou que para se fazer cidadania empresarial não é necessário despender de muito dinheiro. A responsável informou ainda que estão a criar, na associação industrial, a Academia de Talentos, com base nos desempregados apoiados pelo Gabinete de Inserção Social.
“Muitos estão à beira do abismo e precisam de apoio, de alguém que os envolva em projectos, até de voluntariado”, disse, acrescentando que as primeiras iniciativas são acções de formação de Excel e Inglês, dinamizadas pelos próprios desempregados.
Esta bolsa de talentos que está a ser criada será depois dada a conhecer às empresas da região.

Fátima Ferreira

fferreira@gazetadascaldas.pt

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