Quase um quarto de século depois, a Feira da Fruta volta ao parque D. Carlos I na sequência da promessa eleitoral das últimas autárquicas, bem como das de outros candidatos da oposição. Mesmo assim a promessa ia sendo adiada, até que este ano a Câmara ganhou coragem e avançou definitivamente com o projecto. Calhou a favor também o facto do parque ter sido entregue à autarquia, o que permitiu dar vida aquele espaço depois de vários anos de abandono, em que tudo se degradou incluindo a iluminação tão necessária a eventos nocturnos.
E a aposta na Feira da Fruta parece estar ganha, faltando ainda ver o que se decide da outra feira emblemática das Caldas realizada no parque e iniciada há quase 40 anos – a da cerâmica.
Naturalmente que há um investimento substancial de arranque por parte da autarquia, que o programa de animação está bem nutrido e implica um custo grande, com entradas do púbico a preços quase simbólicos (nos passes), pelo que se justifica a Câmara mandar estudar o impacto da feira na economia local, até para calar alguma má língua de quem prefere e se gaba de ter o dinheiro em depósitos no banco. Peniche fez esse balanço em relação às provas internacionais de surf e chegou a conclusões muito favoráveis, o que justifica a repetição dos investimentos.
Zé Povinho está contente com a realização da Feira da Fruta e compreende que haverá sempre pessoas descontentes. Umas pelo barulho da festa, outras pela confusão no trânsito, outras pelo preço dos bilhetes. A alternativa era não ser feito nada e Caldas da Rainha há muito que não tinha grande animação nas suas ruas no mês de Agosto.
Estão de parabéns assim, primeiro, o presidente da União de Freguesias de Nº Sº do Pópulo, Couto e S. Gregório, Vítor Marques, que nestes oito meses fez mais pelo parque do que nos últimos 10 ou 15 anos o fez o Centro Hospitalar. Demonstrou que mesmo que o dinheiro não abunde, com vontade e imaginação, consegue-se mover montanhas.
Depois o presidente da Câmara, Dr. Tinta Ferreira, que em nome dos habitantes do concelho, qualquer que seja a sua cor partidária, arriscou finalmente que se avançasse com o projecto de voltar a fazer as feiras no parque.
Finalmente, o próprio vereador das Feiras, Dr. Hugo Oliveira, que apesar de tanta incerteza, conseguiu levar por diante essa menina querida de muitos caldenses, reabrindo a tradição a nível local mas com visibilidade nacional.
Notam-se falhas, imperfeições e a falta de uma estratégia para afirmação temática da feira a nível nacional, mas mesmo assim conseguiu-se. Há quase 40 anos as Feiras nas Caldas da Rainha eram assunto de abertura do telejornal e o Presidente da República Ramalho Eanes não faltava a nenhuma, dando-lhe notoriedade. Hoje os tempos são outros e as agendas mediáticas mudaram muito, mas há que descobrir o caminho certo.
A banca em Portugal parece ter-se transformado num quebra cabeças para os governos na última década. O sector que tinha os gestores mais bem pagos, que reunia os nomes mais sonantes da burguesia financeira nacional e de alguns dos seus acólitos nas suas administrações, neste período viu desmoronar, uma após outra, boa parte das instituições financeiras de marca do país.
Contudo, isto não aconteceu só em Portugal, uma vez que na maioria dos países ocorreu idêntico fenómeno, desde os Estados Unidos (onde a crise se iniciou em 2008) até à Grécia, passando pela Irlanda, Reino Unido, Itália, Islândia, etc, etc.. Até na dita exemplar Alemanha se anunciam problemas num dos principais bancos que já foi colocado no índex dos EUA.
Mas isto não justifica o amadorismo e a diletância como que foi tratado o caso do único banco público português – a Caixa Geral de Depósitos – que só agora viu aprovada pelo BCE a reformulação da sua administração, mas com muitos reparos e chumbos de nomes.
O anterior poder, do Dr. Passos Coelho e da Dra. Maria Luís Albuquerque, não podem atirar muitas pedras, porque algumas provavelmente vão-lhes cair na cabeça. Mas o Dr. Mário Centeno neste caso mostrou uma inabilidade e uma falta de sentido de Estado para resolver em tempo um problema que não se podia prolongar mais no tempo. Zé Povinho acha que ele não terá uma segunda oportunidade.


































