No passado fim-de-semana os caldenses surpreenderam-se com uma representação teatral dos finalistas da licenciatura de Teatro da ESAD, naquilo que é um trabalho que encerra o ano escolar e que poderá surpreender os lisboetas este fim-de-semana.
A peça Perto de Nós, escrita pela docente Joana Craveiro, é uma história verídica ocorrida nos Estados Unidos e narrada pelo jornalista e escritor norte-americano Michael Finkel. Trata da vida paradoxal de um ermita urbano que se isolou nos bosques durante 27 anos.
Os 21 jovens da ESAD, através do trabalho de preparação do texto e encenação da sua docente, constroem um laboratório de experiências humanas à roda da solidão e de uma certa forma de negação da vida em sociedade.
Este questionamento deixa interrogações e perplexidades no público, bem oportunas para os tempos mediatizados ao extremo dos dias de hoje, possibilitando aos actores, mas também ao público, refletirem sobre a sua vida e a sociedade em que se inserem.
A força e a vivacidade dos jovens, mostra afinal que uma escola como a ESAD pode ser muito mais que um simples estabelecimento de ensino para transmitir conhecimentos, podendo ser também uma plataforma de formação que ajuda à transformação criativa dos próprios alunos.
Parabéns à professora Joana Craveiro e aos seus 21 alunos que deram uma verdadeira aula de teatro experimental que deixa uma forte marca no seu público e nos próprios actores.
Zé Povinho, que é do tempo do velho cinematógrafo, sempre foi um fervoroso adepto da sétima arte e desde o cinema mudo até à actualidade, não resiste a uma boa sessão de cinema.
Mas na sua provecta idade está mais refinado em matérias de gostos e exigências. Já não se deslumbra com as meras imagens em movimento, como há cem anos, e aprecia cinema bem feito, de qualidade, ao invés de muita fita comercial que por aí pulula para gáudio das massas que a elas assistem lambusando-se com pipocas e refrigerantes.
Vem isto a propósito do fraco cartaz com que normalmente a Cineplace brinda os caldenses no shopping da cidade. Semana após semana, sucedem-se os blockbusters e filmes de categoria B, ficando o bom cinema à margem desta programação. De tal forma que há muito boa gente que para ver um bom cinema tem de ir das Caldas a Lisboa (sim, é verdade que em Torres Vedras, Santarém e Leiria o panorama também não é muito melhor).
Mas o que não lembra ao Diabo é que o cinema caldense se atrevesse a vender sessões numa sala com problemas técnicos ao nível do som, deixando aos espectadores a decisão de aguentar com um filme em que a música de fundo se sobrepõe aos diálogos, ou sair a meio e pedir o reembolso.
Será tão óbvio que em qualquer actividade quando o produto ou o serviço não estão bons, os mesmos não devem ser comercializados?
E o pior – para desespero de Zé Povinho – é que isto tinha de acontecer precisamente na sala onde estava um dos melhores filmes que já passaram pelo Cineplace Caldas. The Post – A Guerra Secreta, nomeado para óscares e que deveria ser de visualização obrigatória sobretudo para certos políticos, é um filme excelente que merecia ter tido melhor tratamento na sua incursão pelas Caldas da Rainha.