A Semana do Zé Povinho 30/09/2016

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Humberto MarquesO presidente da Câmara de Óbidos, Eng. Humberto Marques, deve estar muito feliz pela segunda edição do Fólio – Festival Literário Internacional de Óbidos – quer pelo programa, que conseguiu reunir um conjunto vasto de pessoas ligadas à cultura nacional e internacional, quer pela repercussão que tem tido em todo o país, atraindo bastantes visitantes à vila.
Já no ano passado, a primeira edição do Fólio tinha sido uma boa surpresa, tendo juntado na vila durante 11 dias um conjunto variado e rico de personalidades ligadas à literatura nacional e internacional, bem como às mais variadas expressões artísticas que é possível imaginar.
Num período mínimo de tempo, é fácil encontrar naquela pequena povoação milenar, um número elevado de personalidades e eventos, que impressionam qualquer observador.
Zé Povinho, apesar de estar bastante agradado com o conjunto de actividades que lhe é oferecida, mesmo com a participação de algumas entidades e pessoas do concelho, considera que devia ter havido um esforço maior em mobilizar mais intervenientes locais. Era possível mobilizar um número excepcional de entidades locais, desde lojas e restaurantes, até à própria população obidense para se envolverem no evento. Essa foi, aliás, a razão pela qual Guimarães capital Europeia da Cultura teve tanto êxito, tendo sido elogiada a nível internacional pelo resultado obtido.
É pena que em Óbidos quase nenhum estabelecimento testemunhe a passagem do Folio, ou que a participação ao nível da organização de entidades locais e regionais seja irrisória. Pelo menos poderiam os actores locais ser sub-curadores de várias áreas temáticas do Folio para conseguirem um dia disporem de know how para se tornarem mais autónomos.
Zé Povinho gostou do Folio, mas teme que este possa ser visto como uma iniciativa da elite nacional e internacional para a elite nacional, ficando a plebe local e regional à margem dos acontecimentos, ou apenas como consumidora passiva.
Mas seja como for, a grande projecção que Óbidos teve com este evento e a qualidade do painel de participantes, merece que o seu presidente receba os encómios de Zé Povinho.
Consejo de Securidad NuclearOs habitantes das Caldas da Rainha e da região circundante podem achar que o debate sobre a Central Nuclear de Almaraz e a exigência ecologista do seu encerramento pouco lhe interessa ou que é uma ameaça distante.
Mas talvez não seja. Almaraz está a uma distância de cerca de 350 quilómetros das Caldas da Rainha, o que, em caso de acidente, como aconteceu em Tchernobyl ou em Fukoshima, é um raio de perigo muito grave.
Há dias o Conselho de Segurança Nuclear espanhol deu uma informação favorável à construção de um Armazém Temporal Individual (ATI) naquela central, abrindo a possibilidade do prolongamento da vida útil desta além dos 40 anos previstos. Assim poderão depositar nele os resíduos radioactivos de alta actividade gerados a partir de 2018, o que torna a situação impensável e pode significar um prolongamento irresponsável do seu funcionamento.
Ora este Conselho (que emergiu da sua nomeação pelo Partido Popular de Rajoy quando este ainda tinha maioria absoluta), apesar das suas características técnicas, tem um peso político importante, pelo que deve ser responsabilizado directamente pelas decisões que está a formalizar.
Portugal não pode limitar-se a encolher os ombros perante tão grave ameaça à sua porta, com a construção deste armazém de lixo nuclear, devendo o governo português aumentar a pressão sobre nuestros hermanos, impedindo a tomada de decisões irreversíveis na ausência de um poder instituído em Madrid.
Zé Povinho não gosta da actuação displicente e irresponsável deste Conselho pelo que verbera a sua actuação contra os interesses de Portugal e da sua população.

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