Aproxima-se o 43º aniversário do 25 de Abril e a vinda de Carlos Brito para apresentar o seu livro “Cadeia de Peniche: como foi vivida” ao Forte de Peniche serve para recordar história antiga que os jovens de hoje nem acham verosímil, mas que foi uma constante ao longo de quase meio século em Portugal.
Carlos Brito, que foi militante e dirigente do PCP durante muitos anos e que viria a ser afastado no início deste século na sequência do seu alinhamento com os Renovadores, trouxe a Peniche um testemunho profundo e vivo de como se vivia na época do Estado Novo, em que as liberdades eram cerceadas e a oposição mais activa era paga naquela prisão.
Zé Povinho não quer ser nostálgico. Prefere partir do seu exemplo para defender a liberdade da crítica e da dissidência, seja ela qual for, desde que tenha como valor supremo o direito de opinião e de palavra.
A vinda a Peniche do ex-preso político coincide com o debate para o futuro daquela fortaleza, que merece ser preservada e qualificada, pois será sempre uma referência marcante da história de Portugal num período importante do século XX.
Por todas estas razões Carlos Brito merece a estima e admiração dos portugueses, especialmente daqueles que dão de barato as liberdades com as quais contam, sem pensar como podiam ser os outros tempos.
Nem à terceira foi de vez. O orçamento da Junta de Freguesia da Foz do Arelho para 2017 foi novamente chumbado em Assembleia de Freguesia, continuando a autarquia a viver em duodécimos.
Mas o seu presidente, Fernando Sousa, eleito pelo MVC, é um homem teimoso. Anunciou que continuará a tentar submeter o documento à aprovação da Assembleia as vezes necessárias até que seja aprovado. Ou seja, nunca.
Fernando Sousa gosta de empurrar com a barriga os problemas. A fuga para a frente parece ser a sua única estratégia perante a evidente falta de apoio dos seus fregueses e da esmagadora maioria dos autarcas que compõem a Assembleia de Freguesia fozense. Sabe que está isolado, que não confiam nele, mas prefere fazer de conta que não vê e continua a apresentar naquele órgão um orçamento que, como ele próprio reconhece, é exactamente igual aos anteriores já chumbados.
Para quem viu sair dois tesoureiros em clara divergência com a forma como ele tratava das contas, para quem admitiu que no seu mandato houve um buraco de 30 mil euros, para quem reconhece que tem falta de experiência na gestão contabilística e para quem admite que houve cheques da Junta levantados que escaparam ao seu controlo, e para quem está a ser escrutinado por uma auditoria que já dura há quatro meses, Fernando Sousa surpreende pela falta de discernimento (para não dizer arrogância) com que agora aparece a querer que lhe aprovem um orçamento já várias vezes reprovado.
Fosse um pouco menos irrealista e tivesse melhor noção da responsabilidade de gerir a coisa pública, e este autarca já se teria demitido. Haverá gente mais bem formada e com pergaminhos no discurso anti-corrupção que ainda o segura?
Zé Povinho acha tudo isto muito triste.


































