
O World Press Cartoon é um momento marcante da comunicação social global, uma vez que reúne a produção do cartoonismo e da caricatura de mais de um terço dos países do mundo, e especialmente, daqueles onde existe liberdade de imprensa.
Por isso, foi significativo que tivesse sido distinguida este ano com o Grande Prémio do WPC, a cartoonista italiana Marilena Nardi, com um desenho satirizando a censura e a liberdade de expressão, publicado ironicamente no jornal da Catalunha Barcelona Illegal Times, uma vez que já tem dificuldades em publicar no seu país, ultimamente dominado pelos movimentos populistas e de extrema direita.
Ela própria em declarações à Gazeta das Caldas afirmou que se “sátira está a faltar é uma indicação de que o país está doente”, razão pela qual se torna cada vez mais importante a realização de concursos e exposições como este que se realiza nas Caldas desde há dois anos, mostrando o dinamismo e irreverência do desenho humorístico e da caricatura no mundo.
Rafael Bordalo Pinheiro, o cidadão adoptivo das Caldas da Rainha e um dos nomes mais importantes da caricatura nacional e internacional da transição do século XIX para o século XX, que levou à cerâmica caldense esta modalidade com que hoje ainda a empresa e a cidade se podem afirmar, deve estar feliz na sua tumba.
Parabéns à cartoonista Marilena Nardi, ainda para mais por ter sido a primeira mulher a alcançar aquele prémio ao longo da sua história nas duas últimas décadas, bem como aos organizadores do referido prémio que em boa hora o trouxeram para as Caldas da Rainha, que poderá um dia ser a capital portuguesa ou internacional do Humor e da Caricatura.

Nuestros hermanos viram, em menos de uma semana, a substituição da sua liderança maior, ou seja, do seu presidente do governo, que estava no poder há seis anos, em consequência da condenação de vários altos funcionários do PP por corrupção no desempenho das tarefas partidárias no chamado caso Gürtel.
Isso levou à aprovação de uma moção construtiva, modalidade constitucional existente em Espanha, que permite ao líder que a apresenta substituir o governante em funções, quando a mesma é aprovado por uma maioria absoluta de votos.
E em apenas 48 horas, mudou o governo e a orientação do mesmo, beneficiando de uma geringonça mais complicada que a portuguesa, por reunir votos de forças momentaneamente opositoras (e algumas das quais antes apoiavam o governo) e cujo comportamento futuro se desconhece.
Mesmo assim, o vencedor da contenda, Pedro Sanchez, líder do PSOE, conseguiu destronar inapelavelmente Mariano Rajoy, até agora primeiro-ministro do Partido Popular e que vinha enfrentando as sucessivas crises políticas cada vez com maiores dificuldades.
Rajoy vinha a ser assolado pela nova força dos Ciudadanos, um movimento de direita, mostrando as sondagens que já não teria grande caminho futuro.
Mas a jogada de mestre, pelo menos no curto prazo, de Sanchez interrompeu-lhe a carreira, levando-o já a pedir a demissão da liderança dos Populares e a anunciar a sua reforma política.
Mais um dirigente que tinha atravessado incólume a crise económica da Europa e do mundo que se vai, quando outras forças fora do xadrez político tradicional começam a emergir, apesar de em Espanha ir ser tentada uma alternativa diferente à roda de um partido tradicional do arco do poder. Zé Povinho estará atento para ver o resultado.

































