O jornalismo de proximidade, a imprensa regional, vive dias difíceis e anda à procura de um novo modelo de serviço e de negócio que lhe assegure a sua sustentabilidade. Muitos jornais regionais dependem de grupos económicos, ou da Igreja, ou – directa ou indirectamente – de partidos políticos e câmaras municipais. Poucos são os que sobrevivem enquanto projectos realmente independentes de quaisquer poderes, como é o caso da Gazeta das Caldas, que comemorou recentemente os 93 anos.
Mas para uns e para outros, as quebras na publicidade, o advento do digital, as dificuldades das empresas anunciantes, a falta de apoios do Estado e da UE, os custos de produção, os novos hábitos de consumo mais virados para o digital, têm vindo a pôr em causa a saúde da imprensa regional e não só.
Infelizmente tem-se assistido ao fecho de vários títulos, alguns muito antigos, coisa que nas respectivas localidades se julgaria impensável há poucos anos.
E sempre que desaparece um jornal regional é a Democracia que fica mais pobre, é uma região que perde a sua memória, é o escrutínio dos poderes que fica mais frágil, é o debate público e a pluralidade que ficam a perder.
Ainda assim, apesar das dificuldades, há jornais que conseguiram sobreviver durante mais de um século, como prova a exposição da imprensa centenária portuguesa agora inaugurada na Assembleia da República e que já foi também apreciada em Bruxelas e em Aveiro.
Por isso, é de saudar a iniciativa da Associação Portuguesa de Imprensa (API) de promover a imprensa centenária portuguesa a Património Cultural Imaterial da Humanidade, já que esta realidade não encontra paralelo noutros países.
Zé Povinho, que também já passou há muito os 100 anos, aproveita esta oportunidade para saudar a API e o seu presidente Dr. João Palmeiro, bem como todos os jornais regionais portugueses. E endereça um cumprimento muito especial ao Açoriano Oriental, criado em 1835, e que tão bem simboliza a longevidade que os jornais portugueses almejam.
| D.R.
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Quando se anuncia que o Presidente dos EUA, Donald Trump, se vai recandidatar em 2020, o mundo e os próprios americanos ficam estupefactos com a sua proposta para combater a violência nas escolas: armar os professores.
No passado dia 14 de Fevereiro, um jovem de 19 anos, com uma arma automática AR-15, assassinou a sangue frio 17 pessoas na escola Stoneman Douglas e nos edifícios vizinhos, em Parkland, uma pequena cidade semelhante a Caldas da Rainha com cerca de 30 mil habitantes (a 60 km de Miami, a capital do Estado da Florida).
Pelas leis norte-americanas nada impediu que aquele jovem perturbado mentalmente (e que havia já manifestado nas redes sociais a intenção de cometer actos violentos) comprasse uma arma daquele tipo que permitiu aquele morticínio.
Este, segundo a Everytown Research, foi já o 18º ataque cometido este ano em escolas ou nas imediações de centros de ensino, sem que os responsáveis políticos tomem qualquer decisão que impeça a facilidade com que estes actos ocorrem.
Mas muito pior foi a reacção do próprio Presidente Trump, que, para além de lamentar o sucedido invocando exclusivamente razões mentais do criminoso, propôs para “resolver o problema” armar os próprios professores para se defenderem a si e aos alunos destes actos loucos. Mais grave ainda foi que o lobby das armas, a National Rifle Association (NRA), que financia fortemente os políticos nacionais, com especial realce para Trump, viesse secundar o Presidente reforçando esta proposta, provavelmente para vender mais armas.
Zé Povinho interroga-se como é possível que um país desenvolvido e que diz ser um dos baluartes da democracia mundial, trate de forma tão horrorosa este problema, que é uma das marcas do atraso societário de um país tão rico e com uma elite intelectual tão poderosa.
Em contrapartida os jovens estudantes de Parkland têm assumido verdadeiras lições de frontalidade e de responsabilidade perante tão grave mal. Lições essas que deveriam envergonhar essa figura caricata que é o Presidente Trump.