Zé Povinho ficou deliciado, esta semana, ao tomar conhecimento da história do pai e filho que decidiram começar a limpar, por iniciativa própria, as valetas, ruas e terrenos, alguns privados, entre as freguesias de Turquel e Évora de Alcobaça, recolhendo o lixo dos outros e dando um belo exemplo de cidadania. Mas ficou ainda mais surpreendido por se tratarem de dois árbitros, um de hóquei em patins e outro de futebol, uma classe tantas vezes fustigada por críticas e que, com este caso, também acaba por sair valorizada.
O comportamento do árbitro Paulo Carvalho e do filho, Martim, merece ser ressalvado publicamente, porque é, de facto, muito pouco habitual ver pessoas a trabalharem de forma desinteressada pelo bem comum sem pedirem nada em troca. Neste caso concreto, aliás, era, inclusivamente, o progenitor que pagava o material (luvas, sacos, etc) para assegurar a limpeza. Em boa hora, portanto, as Juntas de Freguesia deram apoio a este cidadão empenhado quando souberam deste verdadeiro acto de heroísmo cívico, o que não deixa de ser significativo.
Paulo Carvalho sabe que não vai conseguir mudar o mundo. Mas também nunca terá sido esse o seu propósito com esta iniciativa. Além de procurar contribuir com o que lhe é possível para a natureza, o árbitro de hóquei em patins tem a capacidade de despertar consciências. Em pleno século XXI não se compreende como alguém deposita lixo no chão ou destrói propriedade alheia. Mas ainda bem que há bons exemplos para nos recordar a importância de respeitar o outro.
Algo de muito estranho se tem vindo a passar na última década no seio da Santa Casa da Misericórdia de Alfeizerão. Zé Povinho não coloca, obviamente, em causa o trabalho meritório desenvolvido pela instituição desde a refundação, há quase 25 anos, mas lamenta a instabilidade que, de forma sucessiva, tem assolado uma Irmandade onde as pessoas se deviam entender quanto ao rumo a dar a uma casa tão importante na freguesia e em localidades vizinhas.
O afastamento do provedor é algo a que só os irmãos diz respeito e certamente terão sido fortes as razões que levaram às deliberações da última assembleia geral. Contudo, será que, com um diálogo entre os elementos dos órgãos sociais, não teria sido possível evitar uma decisão tão contundente? Neste caso não haverá inocentes, mas não restam dúvidas de que a principal prejudicada é a instituição, que vê o seu bom nome ser discutido na praça pública e não pelas melhores razões.
Acresce a isto, o facto de esta não ter sido a primeira vez que José Monteiro de Castro enfrentou a exoneração de funções. Há cerca de três anos, passou por um processo semelhante, do qual acabou por sair incólume. E, um ano depois, acabaria por ser reeleito para mais um mandato. Assim sendo, Zé Povinho tem dificuldade em entender como foi possível que esta Santa Casa tenha voltado a passar por um processo deste género. Quem foi eleito não sabia ao que ia? Desconheciam o passado e o mal-estar nos anteriores dirigentes? Custa a perceber como aqui se chegou, mas a moral da história é esta: com irmãos destes, onde irá a Misericórdia parar?

































