Estreia hoje, com um encenador convidado, uma nova peça, de um autor nascido na Austrália, num meio marcado pela emigração, ele próprio migrante, na Europa e nos Estados Unidos. O espectáculo tem o nome de “Terra Natal”. O Teatro da Rainha perfez 36 anos. Como todas as companhias teve, neste percurso longo, de se “reiventar”, como agora se diz. Ou seja: refazer parcerias e compromissos, de resistir a tempo adversos, de recusar e de fazer negociações, de escolher entre operar contra e operar com o desgaste do tempo e os acidentes de percurso. Se os teatros, como nos ensinaram os gregos, são espaços onde a palavra se conjuga com o corpo, o discurso com a representação, são elementos decisivos da cidade. O Zé Povinho, que não dispensou o teatro e partilha as suas vicissitudes, aplaude o Teatro da Rainha neste regresso e deseja-lhe as maiores felicidades nos seus projetos: a encenação, a edição, a poesia e as novas instalações. ■
Apesar dos alertas, nada parece tocar a sensibilidade, a responsabilidade, a decência, dos poderes públicos da cidade. Um dos mais notáveis monumentos caldenses continua ao abandono. As “Quatro Estações”, de Ferreira da Silva, nas imediações do Chafariz das 5 Bicas permanecem condenadas à destruição progressiva e inexorável, e, num futuro próximo, à ruína. Intolerável. A atitude do Zé Povinho é, não pode deixar de ser, de vergonha. Vergonha alheia. Dirão uns, proprietários da obra: temos outras prioridades. Não foi a mesma entidade, o Hospital, que encomendou e financiou a obra? O mesmo hospital quis, aliás, conservar o seu Museu. E porque não o seu outro museu em espaço aberto? Dirão outros, que não podem ser responsabilizados pelo que não detêm. Mas à Câmara cumpre zelar pelos bens da comunidade. Não é coerente defender a cerâmica e as artes como marca caldense, e Ferreira da Silva como criador cimeiro da cidade, e voltar as costas à sua criação mais significativa. ■

































