Zé Povinho enaltece esta semana a história de Estefânia Barreto, uma jovem que vai celebrar 95 primaveras este ano e que se mantém mais activa que muitos jovens dos vintes.
Com uma vida riquíssima, iniciou a sua actividade profissional como visitadora sanitária em meados do século passado, antes de se tornar enfermeira. Numa época em que praticamente não havia informação, Zé Povinho recorda-se que foi Estefânia quem deu os primeiros passos nas áreas da puericultura, saúde materna e saúde escolar no concelho e lembra-se de a ver a distribuir conselhos, leite em pó e outros bens.
Com três filhos, Estefânia ganhava um extra na cozinha, a produzir bolos e doces. Hoje, praticamente a cinco anos de ser centenária, ainda é ela quem faz os bolos de aniversário de toda a família.
Com o marido, foi proprietária do icónico Inferno d’Azenha (o que lhes valeu terem sido referenciados pela Pide). Aos 50 anos anunciou à família que ia trocar o carro por uma mota e assim o fez. Já com 80 passou para a moto4, que ainda hoje é o seu meio de locomoção e o seu instrumento de trabalho no campo, onde cuida dos animais e da sua horta.
A nonagenária lê o jornal e enfia uma linha no buraco da agulha sem necessitar de óculos. E também não precisa de tomar medicação regular – basta-lhe manter as duas idas semanais à piscina para praticar natação.
Pela vivacidade, dinâmica e alegria, Zé Povinho nunca lhe daria a idade que apresenta no seu cartão de cidadão e espera que esta jovem se continue a manter activa.
Mais do mesmo. A auditoria aos últimos nove meses do mandato anterior de Fernando Sousa na Junta da Foz do Arelho conclui que alegadamente ali se praticaram fraudes contabilísticas, crimes tributários e uso privado de dinheiros públicos. O desvio nas contas da autarquia é de 64 mil euros. A somar ao buraco dos 193 mil euros dos dois anos anteriores do seu mandato.
Perante isto, o que diz o refinado presidente da Junta, confrontado com um relatório bem documentado e bem fundamentado? Que é normal errar, que é muito honesto e que não fala mais sobre o assunto.
Explicações? Justificações? Esclarecimentos? Não há. Fernando Sousa goza com o órgão fiscalizador da Junta de Freguesia e dá-se ao luxo de não responder, desvalorizando o envio do relatório para o Ministério Público, curiosamente com o apoio dos elementos do próprio movimento independente que o elegeu. E tem razão para gozar. Afinal a queixa que foi feita ao Ministério Público sobre os primeiros anos do seu mandato bateu na trave na PJ de Leiria que ainda não concluiu o inquérito.
Zé Povinho até podia dar o benefício da dúvida ao esforçado presidente da Foz do Arelho que aparenta ser analfabeto funcional nas complexas matérias da contabilidade pública. Mas esse benefício desaparece quando se constata que ele manteve as mesmas práticas já depois de saber os resultados da primeira auditoria. Mais do que ignorar as práticas contabilísticas, era preciso ser-se muito burro para insistir nos mesmos procedimentos.
Por isso, a conclusão só pode ser mesmo a de que Fernando Sousa sabe o que faz. É do bom senso que há má gestão quando se passam cheques sem cobertura, quando se transfere dinheiro para uma associação (à qual também presidia) sem autorização da Assembleia de Freguesia, quando se fazem pagamentos sem comprovativo, quando se passam cheques ao portador, quando não há registos das receitas do parque de estacionamento… Etc.
Mas a verdade é que os eleitores da freguesia da Foz do Arelho voltaram a eleger o mesmo videirinho para presidir aos seus destinos. Em Democracia respeita-se a vontade do povo, mas não é de admirar que algumas dessas práticas se repitam nesse mandato. Daí a importância do órgão fiscalizador – a Assembleia de Freguesia – no escrutínio deste peculiar gestor autárquico.