Tendo a transparência como bandeira, a Iniciativa Liberal (IL) estabelece como prioridades a saúde financeira da Câmara, a par de uma aposta na saúde, na segurança e no desenvolvimento económico do concelho
“Um concelho só se desenvolve, só prospera, se houver investimento”
Carlota Oliveira é uma estreante e a IL candidata-se pela primeira vez às autarquias nas Caldas da Rainha. Porque é que se candidata?
Fui estudar e acabei por ficar por Lisboa. Entretanto fui mãe há um ano e regressei às minhas origens, às Caldas da Rainha. E, sendo mãe, não reconheci esta cidade como sendo a cidade onde eu cresci. Há muito trabalho para fazer em pontos essenciais, como a segurança, saúde e prosperidade.
Essencialmente, candidato-me para melhorar a minha cidade, que será a do meu filho também.
A saúde financeira da Câmara tem recebido algumas críticas por parte da IL. Qual é a vossa posição?
Uma das bandeiras da IL será a transparência. O que nós pretendemos fazer com as contas da Câmara é o que pretendemos fazer com a gestão autárquica em geral. É aferir o que se passa e tentar, por todos os meios que nos sejam possíveis, chegar a contratos que sejam mais saudáveis, para que haja uma prosperidade e não o retrocesso, e não o endividamento da autarquia, que é o que se prevê. Porque, efetivamente, foi feita uma auditoria por parte do economista Carlos Corte Real, que é candidato a vice presidente, onde já se deparou com muitos erros que poderão comprometer a saúde financeira. A nossa primeira premissa será auferir o que é que se passa, auditar, e depois tomar medidas nesse sentido, com o intuito de criar uma Câmara económica e financeiramente saudável.
O que propõe fazer diferente?
Essencialmente temos que ver todos os contratos que existem. Falámos já da questão da transferência de competências, que compromete uma grande fatia, a nível financeiro, da Câmara, que teremos de rever junto do poder central e ver o que é que podemos fazer para melhorar.
Quais as prioridades da IL para o concelho?
Sabemos que a saúde está débil, do ponto de vista não só do hospital, mas também ao nível de cuidados primários. Temos muita gente sem médico de família, nomeadamente nos meios mais rurais, o que é mais preocupante porque existe mais população idosa e com menos facilidade de mobilidade para se dirigir ao centro e recorrer a meios de saúde.
Também a segurança é uma prioridade, não só com a criação da Polícia Municipal, porque sabemos que isso não intervém diretamente no combate ao crime, mas também com o pedido de mais efetivos, quer para a GNR, quer para a PSP. Também achamos que deve ser largada a rede de videovigilância que está a ser criada por este executivo, pois são poucas as câmaras que estão agora pensadas.
Achamos também que a cidade tem pouca iluminação, portanto, temos que pensar muito bem em pontos estratégicos para pôr pontos de luz. Ao nível económico, podemos desenvolver a indústria, facilitar em termos de impostos municipais para quem queira fixar-se na Zona Industrial, quem queira criar empresas, mas se não tivermos maneira das pessoas habitarem, então não faz muito sentido, porque depois vão para outros sítios.
Já vamos à parte económica, mas voltava ao início e à saúde. Foram à Assembleia da República, onde pediram para suspender os efeitos vinculativos que consagram a construção do novo Hospital do Oeste no Bombarral. Onde é que defendem o novo Hospital do Oeste e o que é que defendem para o novo Hospital do Oeste?
Essencialmente, achamos ingrata esta discussão porque se o nosso concelho se tivesse desenvolvido o suficiente outrora, não havia este tipo de discussão. Caldas da Rainha não se compara ao Bombarral em nada, temos uma localização muito mais benéfica, temos mais vida, portanto não devia haver esta discussão. Como é óbvio, defendemos o Hospital nas escalas da Rainha.
E ainda estão criadas as condições para que isso possa acontecer?
Penso que sim, apesar de que, segundo se ouve dizer, o PS já deu o seu parecer que que seria no Bombarral. Sabemos também que este executivo está, de alguma maneira, a ser apoiado pelo PS e, portanto, corremos o risco de ir um bocadinho atrás da maré. Mas nós, Iniciativa Liberal, defendemos o Hospital nas Caldas da Rainha.
Como é que se pode potenciar o crescimento económico do concelho?
Temos que criar condições para haver pessoas no concelho e desenvolver a indústria. Estamos num sítio privilegiado em termos turísticos, temos o Hospital Termal e devemos pensar numas termas com condições, a nível macro, como existe noutros municípios. Podemos pensar nos Pavilhões do Parque e desenvolver ali um hotel que seria muito benéfico porque também iria empregar muita gente.
Um concelho só se desenvolve, só prospera se houver investimento. E nos últimos anos o que tem havido é desinvestimento, o que está provado pelos valores da execução orçamental.
O potenciar da economia significa aumentar os postos de trabalho. Como vê a questão da imigração?
Nós precisamos dos imigrantes, mas queremos imigrantes que estejam bem, que estejam legais, que tenham acesso a uma habitação condigna, que tenham acesso a cuidados. Portanto, pessoas como nós, tratados como nós, sem estarem ao monte, sem estarem aculturados, de forma a que não haja o tipo de desacatos que têm havido e a desinformação e a falta de encontro com aquilo que é a nossa cultura.
Os que não estão legais, temos que denunciar às entidades competentes para os fazer regressar ao país de origem ou a outro sítio que seja seguro para eles também.
A falta de habitação é um problema que este concelho também está a sentir. Como é que pode ser resolvido, ou pelo menos melhorado?
Sim, nós temos um projeto de habitação bem desenhado por um arquiteto que está connosco, mas vou ser sucinta e falar essencialmente dos terrenos que a autarquia tem.
A autarquia tem terrenos que não são usados. Acho que fazendo um concurso público, com um caderno de encargos restrito, pode-se fazer habitações a preço acessível, com condições que haveremos de encontrar para serem gratificantes para ambos, nomeadamente para mantermos cá mais pessoas.
Parcerias com privados?
Parcerias com privados, naturalmente, sim.
Entregaram na Assembleia da República uma proposta de alteração legislativa à cobrança da taxa de saneamento para quem tem fossas. É uma opção viável para o município?
Claro que sim. As pessoas que têm fossas séticas, de modo geral, são pessoas do meio rural e utilizam a água para rega, utilizam muitos metros cúbicos de água. Nós sabemos que a taxa de saneamento, por exemplo, é paga sobre os metros cúbicos de água que se gasta. É injusto para a pessoa que não tem acesso à rede, que está a pagar uma taxa de saneamento.
Deve ser uma opção. Não deve ser obrigada a pagar uma taxa de saneamento ao município. Portanto, desde que seja uma empresa credenciada a fazer a limpeza da fossa e seja feita a devida fiscalização, no sentido da regulamentação, acho que deve ser livre esse tipo de opção.
Falemos agora de mobilidade. Como é que a IL vê a opção da ferrovia e a Linha do Oeste?
Efetivamente, nós achamos que faz todo o sentido que haja um melhoramento da Linha do Oeste. Definitivamente tem que ser reestruturada e tem que ser melhorada.
E este trajeto é viável ou tem que se pensar também na alteração do trajeto para uma ligação mais rápida a Lisboa?
Sim, nós temos que pensar sempre na redução do tempo, porque é isso que faz sentido. Os primeiros autocarros a saírem para Lisboa, por exemplo, vão completamente lotados e as pessoas têm que esperar pelo seguinte. Portanto, se calhar a rota tem que ser pensada de maneira a reduzir o tempo das Caldas/Lisboa e a ferrovia ser competitiva, porque senão as pessoas vão continuar a ir de autocarro, naturalmente.
Em termos de mobilidade, também temos que pensar nas rotas do Toma, que também estão desajustadas às necessidades dos caldenses, bem como na substituição dos autocarros que agora escolheram para fazer essa função. São completamente desajustados, não só em termos de tamanho, mas em termos de antiguidade.
Caldas é, também, uma cidade termal. Qual o modelo de termalismo que a IL defende?
Essencialmente, o termalismo que defendemos será mais numa ótica de turismo do que de saúde, porque nem de saúde nem de turismo está a funcionar neste momento como deve ser. Defendemos a requalificação dos Pavilhões do Parque e achamos que, já que existe uma concessão com a Visabeira, tem que ser feito ali um hotel. Portanto, faz todo o sentido que se adequem as termas viradas para o turismo e que se possa capitalizar tudo ali à volta, até mesmo o comércio local.
O processo da Visabeira, que tem quase 10 anos… e o hotel ainda não começou a ser construido. Se for poder o que é que a IL fará para com este processo?
Não conheço a concessão que foi feita com a Visabeira, mas a primeira coisa será pegar nisso e ver o que é que foi feito e tentar perceber o que é que o município pode fazer ou não com esse contrato. E, efetivamente, se não avançarem para uma obra como está prometido, então teremos que terminar a concessão e procurar outra alternativa.
E já é uma cidade criativa e de cultura ou precisa de se afirmar?
As Caldas é uma cidade criativa e de cultura e nós damos primazia a isso, mas acho que tem que ser feito mais alguma coisa, nomeadamente no que diz respeito à parte associativa mais tradicional. Temos que criar um método para apoiar tudo o que são associações, quer desportivas, quer culturais e recreativas, das nossas freguesias. E não pode ser ao momento, tem que ser uma coisa pensada e com critério para que todos estejam em pé de igualdade e que possam continuar a dar dinamismo às terras.
Projetando o dia 12 de outubro, o que será um bom resultado para a IL?
Será a ganhar, claro. Mas são as nossas primeiras autárquicas, não deixando de ser ambiciosa, não quero ser utópica.
Sei que as pessoas nas Caldas são muito direcionadas para as mesmas linhas e é difícil mudar este tipo de mentalidade, ainda assim, devo dizer que me surpreende o que tenho ouvido. Acho que vamos ter um bom resultado, que vamos eleger autarcas.































